quinta-feira, 19 de março de 2020

Projeto Quarencena da Pandemia – Cia Teatral Néia e Nando



Em tempos de quarentena por causa do Covid-19, pandemia mundial, vou escrever um texto por semana sobre companhias teatrais e artistas da nossa Capital. A estreia será com a Cia Teatral Néia e Nando, que foi o último grupo que assisti antes do confinamento e, por coincidência, o primeiro que assisti quando cheguei em Brasília.


Sempre prezei pela formação cultural das minhas filhas, a Nicolle (12 anos), que chegou aqui em Brasília com quase 3 anos e a Cecille que se aproxima dos seus 3 aninhos. Na minha chegada a Brasília em 2011, levava a Nick no Teatro do Brasília Shopping ou no Teatro da Escola Parque 308 sul ao menos uma vez a cada mês. Hoje, em 2020, levo as duas com a mesma satisfação de poder contribuir com a formação de plateia de alguma forma.




A Cia Teatral Néia e Nando que hoje tem um repertório de mais de 230 peças e por onde passaram quase 5.000 alunos, começou pequena, com a chegada de Alcinéia Paz e Armando Villardo há quase 21 anos em Brasília, em abril de 1999. Começaram fazendo festas infantis, mergulharam no teatro, recuperaram com a ajuda da direção o Teatro da Escola Parque, sua casa. Hoje, o grupo possui projetos consolidados em diversos nichos culturais, como peças adultas, mostras de dança e apresentações de clássicos que são temas de vestibular, sendo o carro chefe o teatro infantil, cujas peças são apresentadas semanalmente no Teatro da Escola Parque 308 sul e no Teatro do Brasília Shopping, sendo sucesso de público.  De seu quadro saíram diversos profissionais das artes cênicas, que foram mostrar sua arte nos palcos da capital, do Brasil e do Mundo. São diversas gerações de público e alunos da Companhia.






Destaque para a resistência, profissionalismo, energia, amor pelo Teatro, qualidade e perseverança que forjaram a marca e movimentam a cena teatral em Brasília, cativando o público, educando pela arte, gerando emprego e renda ao mercado cultural e fazendo ações beneficentes lindas e importantes, como dispor de ingressos gratuitos para orfanatos e creches, além de realizar peças para escolas públicas.




Me recordo de peças memoráveis que assisti como “O Pequeno Príncipe”, “Frozen” e “Monster High”, montagens que tocam o artista dentro de cada um e plantam uma semente na memória afetiva das crianças. 




Antes da pandemia, a última peça que assistimos foi Procurando Nemo, uma peça que consegue situar as crianças dentro da história, lá no fundo do mar, com soluções cênicas interessantes tanto na questão do cenário, quanto do figurino, trilha sonora e, principalmente, trabalho corporal, fazendo o público, principalmente infantil, a reviver o filme ao vivo e ter a chance de sonhar e se emocionar.





“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
 Saint-Exupéry









Entrevista: link


quarta-feira, 11 de março de 2020

Dicas culturais em Brasília - DF Março/2020 - CANCELADOS ou ADIADOS pela PANDEMIA

A Valsa de Lili
CCBB-DF
05 a 22/03/2020
Link do evento
Critica Teatral em Breve



Dentro
Espaço Cena 205 Norte
13 a 15/03/2020
Link do evento
Critica Teatral em Breve



OsDramátikos em Susssuna & Ionesco
Espaço Pé Direito 
A Farsa da Boa Preguiça - 13/03/2020
A Cantora Careca - 14/03/2020
Link do evento



Espetáculo Ator
Sesc Garagem 913 Sul
14 e 15/03/2020
Link do evento



O Olho da Fechadura
Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul
20 a 22/03/2020
Link do evento


O Cabaré da Nega
Espaço Cena 205 Norte
20 e 22/03/2020
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Estrada sem Mapa
Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul
20 a 22/03/2020
Link do evento


Osdramátickos
Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul
24 e 31/03/2020
Link do evento



Fahrenheit
Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul
26 a 28/03/2020
Link do evento


"A" Trama
Espaço Cena 205 Norte
27 a 29/03/2020
@etalteatro



Teatro infantil:


Procurando Nemo
Escola Parque 308 Sul - Néia e Nando
sábados e domingos de março/2020 às 17 horas
Link do evento



Mogli - O menino lobo
Teatro Brasília Shopping - Néia e Nando
sábados e domingos de março/2020 às 17 horas
Link do evento



Oficinas:

Espaco Cultural Renato Russo


Programação completa dos espaços culturais de Brasília:
Sites de compra de ingressos:

Blogs de Crítica Teatral  e de Teatro:
Cricri em cena

Cursos de Teatro em Brasília:
@oficinacircointimo
Oficina do Ribondi
Oficinas e cursos do Espaço Cultural Renato Russo
https://www.facebook.com/ciadailusao/
companhiacasadeferreiro@gmail.com
@cursoteatrobf
www.iacan.com.br
https://www.neiaenando.com.br/




Contato: criticaemcenarodrigoferret@gmail.com
Whatsapp: 61-982465903



terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

A Sentença – Fernando Guimarães – CCBB-DF – Em cartaz até 23/02/2020


Um assassinato de uma mãe. Um filho réu. Um júri. Dez pessoas. Uma Sentença. Uma orientação: em caso o réu só deve ser considerado culpado caso não haja qualquer dúvida, mesmo que razoável.




Inspirada em casos reais do nosso cotidiano, da banalidade diária do mal que vivemos, o espetáculo adentra no mundo das verdades absolutas, dos preconceitos, do egoísmo exacerbado, da culpa presumida, da indiferença, da falta de empatia e questiona o quanto nos importamos com a vida do outro.



A peça possui uma trama em tempo real muito bem construída que prende o público do início ao fim, foge do óbvio e consegue surpreender, deixando em xeque o que é certo e errado e nos fazendo caminhar sobre a linha tênue que separa um inocente de um culpado ou um culpado de um inocente. Destaque também para a rica variação entre humor, drama e reflexão, que se intercalam. O elenco, formado por alunos e ex-alunos do diretor, possui profissionais experientes e outros ainda em formação.



O cenário é clean e funciona bem, com algumas ressalvas a questão do tempo que os atores, pela peculiaridade da história, ficam sentados em cena; questão que foi amenizada nas cenas de argumentação. O figurino é impecável e realista. A iluminação por ser em tempo real acaba sendo pouco exigida e quando é funciona bem como no final do espetáculo.  A sonoplastia também possui músicas bem escolhidas.





Importante registrar a obra do autor e diretor da peça Fernando Guimarães, que junto com seu irmão Adriano Guimarães, faz parte ativamente da história e do presente da cena teatral em Brasília (saiba mais). Obrigado, Fernando, pela simpatia e disponibilidade observada no contato com a imprensa e com a crítica.

Viva o nosso Teatro!!!



Ficha técnica: clique aqui

Fotos: Thales Alves, Studio Sartory e divulgação

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Medeia, a Neta do Sol – Cia Brasilienses de Teatro - Espaço Cultural Renato Russo – DF - Em cartaz até 16/02/2020


Muita fumaça. Um sol ao centro. Sentamos em volta. Estamos diante dela, a neta do sol, Medeia de Eurípedes, o mais trágico dos trágicos, que em 431 a.C. apresentou a força de uma mulher dona de seu destino lutando contra o patriarcado (saiba mais).


Eurípedes trouxe diversas questões nesta peça tão antiga, com impressionante pioneirismo, tratando de feminismo, xenofobia, traição, revolta, cidadania, filicídio, a dicotomia entre o dever e a paixão, colocando os heróis dirigindo e decidindo as próprias vidas independente dos designos dos deuses, mesmo que se destruam por eles. Algo moderno, considerando inclusive o retrocesso que estamos vivendo nos dias de hoje.



Realizada no “Aquário” do Espaço Cultural, a peça de James Fensterseifer, adaptação de Medeia de Eurípedes, tem o mérito de conseguir trazer uma tragédia grega a um teatro intimista, de total proximidade com a cena, que acontece inclusive atrás dos assentos e nos corredores, fazendo com que os espectadores vivam a experiência de perto, quase dentro do palco.



A atriz Ana Paula Braga tem o talento e o potencial necessários para tão forte e singular personagem. As soluções cênicas são bastante interessantes e o revezamento dos atores entre os papéis masculinos funciona muito bem. Marcos Davi e Felix Saab conseguem realizar as trocas de personagens e transições em alguns momentos com auxílio de máscaras outros com caracterização por meio de expressões faciais e corporais bem trabalhadas, além da realização de diversos exercícios cênicos de qualidade.




Em relação à estreia, teço as seguintes observações: notei ausência de necessárias pausas  em algumas cenas da protagonista, que certamente estarão presentes durante a temporada; caso seja possível, sugiro testar outro tipo de material do círculo amarelo no meio do palco, bem como testar um figurino com as vestes fetichistas das fotos de divulgação; sugiro, ainda, que seja refletida a questão de buscar fazer o público sair do espetáculo mais perplexo e aterrorizado.


Parabéns ao grupo por manter a chama do Teatro viva, nos presenteando com uma história tão antiga quanto atual. Viva o nosso Teatro!!!


“Que flagelo é o amor para os mortais!” – Eurípedes, Medeia.





Ficha Técnica: link

Fotos: divulgação