Foto: André Fernandes
O Teatro do Exílio apresenta
Antígona, um ensaio sobre a tirania. Uma adaptação da peça escrita por Sófocles
em 442 a.c, que retrata a luta de Antígona para enterrar seu irmão, desafiando
o Rei Creonte (https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-tragedia-na-peca-teatral-antigona-sofocles.htm).
O Grupo, que foi criado em 2013 na
Universidade de Brasília com o nome de Coletivo Calcanhar de Aquiles, realiza pesquisa
da atualidade da tragédia como gênero dramático. Trazendo o texto de Sófocles
para os nossos dias, consegue mostrar a essência do clássico acrescentando camadas
de atualidade e realidade que vão se sobrepondo.
Tebas - antiguidade, Brasil 1964,
Brasil - dias atuais.
Como Creonte, os governos
totalitários ou mesmo um fascista que foi eleito “democraticamente” tem a
necessidade de usar a autoridade como um recurso de decisão para manter a
ordem. Governando por decretos ou comprando votos, sem ouvir o povo, com idiossincrasias
e ideologias vazias, estes presidentes deixam facilmente de serem chefes de
governo para virarem tiranos, agindo sob a subjetividade e as preferências
pessoais, esquecendo que nenhum governante pode ultrapassar os limites que
violam a sociedade.
Foto: André Fernandes
Nossa heroína, uma Antígona da
periferia que reivindica por seus direitos, vem nos lembrar de que sempre
precisamos lutar contra o totalitarismo, contra o fascismo, contra regimes
militares, contra preconceitos, contra ataques às minorias, contra injustiças,
contra prisões políticas e demais arbitrariedades. Ela vem nos lembrar da necessidade da desobediência civil
quando o obscurantismo e o totalitarismo querem nos engolir. Mesmo que o risco
seja a morte, devemos lutar como uma Antígona!
Foto: Tonhão Nunes
Fumaça, sombras, luzes de
holofotes estrategicamente colocados. Obscuridade. Uma banda de rock com som
psicodélico. A plateia na berlinda. O palco fora, a plateia dentro. O público
restrito, confinado em um quadrado. Cheiro de sangue. Afogamentos. A tensão no
rosto da plateia é permanente. Chega a impressionar a reação de alguns à
opressão que sentimos. O sentimento ruim de presenciar um regime totalitário
covarde, em um Estado que deveria existir para evitar a dissolução da
sociedade, mas que se comporta de forma marginal e clandestina, movida por
vontades pessoais do governante. Sem diversidade. Sem pluralidade. Sem direitos
fundamentais individuais.
Peça urgente e potente. Viva.
Feita com “sangue nos olhos”. Convida-nos a refletir sobre as consequências de
sermos educados a sempre obedecer. Qual o limite da covardia? Qual o limite da
aceitação? Quando dizer basta? Embora esteja em curso um projeto de fazer nosso
povo acreditar, jamais o Estado estará acima de tudo, nem Deus acima de todos.
Foto: Dani Souza
Foto: Dani Souza
Sob a direção orgânica de Bárbara Figueira, que atua como o profeta cego Tiresias, a peça será apresentada em breve em diversas
cidades satélites, levando o teatro e suas questões onde o povo está. Nosso
povo, que precisa tanto ser continuamente relembrado do que aconteceu para que
sejam evitadas novas ditaduras requentadas, perdas de direitos e opressões.
Somos todos Antígona!!!
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