“Deixe a luz da varanda acesa” é
uma peça lírica, uma poesia encenada em cima de memórias, lembranças e laços
familiares. Escrita por Áurea Liz, lembra a visita a uma velha amiga, com quem temos
tanto a conversar após longa ausência. É um tema universal. Cada um de
nós tem essas lembranças guardadas e essa nostalgia.
Entramos pelo quintal da casa, em
meio a um varal repleto de colchas e roupas, até chegarmos a uma casa simples e
aconchegante, com um cenário que lembra um tempo que não volta mais. Nessa viagem
ao passado, repleta de objetos de nossas infâncias, o clima
intimista dá o tom do espetáculo. Estamos ali, presenciando o reencontro de Verônica
(Lilian França) com a sua madrasta Rita (Áurea Liz), companheira de sua mãe.
Por não suportar o peso do preconceito
de ser filha de uma mulher que é feliz vivendo uma relação homoafetiva, Verônica sai de casa. Muitos anos depois, voltando de outro país, onde buscou a felicidade,
lutou por seus sonhos e conseguiu se formar, está ali de surpresa, de repente, para rever
Rita e sentir o cheiro da terra e demais aromas peculiares daquela casa, que também
chegam ao espectador.
Em um clima conflituoso, porém gostoso e saudável, cheio de amor e carinho, estamos ali, pensando em como é
bom ter aquela conversa, tomar café, comer bolo e comer aquele pão quentinho
com quem gosta da gente e não vemos há muito tempo. Com todo o afeto e todos os
conflitos são momentos que nos fazem refletir e repensar tudo que aconteceu,
onde estamos e para onde vamos. A peça acerta na questão de nos levar em um
passeio às nossas memórias.
Algumas passagens e soluções cênicas
são bem interessantes: objetos de memórias, leitura de cartas inusitadas, fazer
café, conversar na varanda e as diversas camadas de lembranças, que se completam com a trilha sonora.
Foi comovente observar a entrega das
atrizes, que visivelmente se emocionam durante o espetáculo.
Importante destacar que a peça
venceu os Prêmios de
Melhor Espetáculo e Melhor Atriz no II Festival de Teatro de Bolso 2019 – DF.
Destaque também para a montagem da peça no
CRAS de Ceilândia e no Lar dos velhinhos, fico imaginando a emoção que sentiram
tanto o público como os artistas e a equipe técnica (http://www.tmmagazine.com.br/amp/espetaculo-deixe-luz-da-varanda-acesa-em-temporada-por-cras-do-df-e-no-canto-da-auge).
Em clima nostálgico, fiquei
comovido ao saber que a consagrada atriz Verônica Moreno, falecida em 2015,
interpretaria Rita e que a atriz/dramaturga Áurea Liz assumiu o papel para
homenageá-la. https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2019/06/14/interna_diversao_arte,763023/deixe-a-luz-da-varanda-acesa-brasilia.shtml
Não importa por onde andemos, por
qual caminho percorremos, citando Chaplin: “Quando me for, levarei um pouco de
ti e deixarei um pouco de mim”.
Fotos: Diego Bressani, exceto da atriz Verônica Moreno (divulgação).
Rodrigo, vc está de parabéns!!!👏🏾👏🏾👏🏾
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