O Pescador e a Estrela é um musical infantojuvenil, com trilha sonora original e temática de inclusão, na qual Fabiandro (Lucas Drummond), um menino deficiente visual é guiado por um mensageiro pelicano em uma difícil jornada ao encontro do que mais ama, uma estrela, em um local muito distante.
O espetáculo, que tem origem em uma canção de Thiago Marinho, é de uma delicadeza ímpar, que atrai e emociona a plateia, com a sensibilidade necessária para nos encontrarmos com a nossa infância e com algo importante que não conseguimos mais enxergar, nos incentivando a desafiar nossas limitações e seguir em frente por nossos objetivos.
Somos recebidos pelo mensageiro, Felipe Rodrigues, ator e músico deficiente visual, que com seu carisma e talento nos ensina a parar, respirar fundo e pensar, perceber que do presente ninguém cai e que o mundo não é uma reta, nos mostrando, assim, que há diversos caminhos, mesmo que uma tempestade esteja vindo em nossa direção.
Felipe, que foi escolhido em um teste dentre 30 profissionais, é um artista gigante, com brilho próprio, que mesmo sem o sentido da visão, exerce com maestria a tarefa de guiar o protagonista na peça, em um belo trabalho, compensando essa ausência com a ampliação dos outros sentidos, também tocando teclado e cantando ao vivo.
O trabalho de voz e musical dos atores impressiona, destaque para a dupla Lucas Drummond e Luisa Vianna, que vive a boneca Hortênsia, que toma forma de menina para acompanhar Fabriando nessa odisseia, na qual viajamos juntos também, percorrendo os céus e mares da nossa imaginação.
O humor da peça fica por conta do casal Prattes (Thiago Marinho e Diego de Abreu), piratas de primeira geração que não roubam, mas apenas se apropriam. Uma dupla impagável de vilões, com sua enciclopédia Prattes, que faz tudo o que pode para atribular a vida do nosso herói.
O texto de Lucas Drummond e Thiago Marinho é ágil e muito bem construído. O cenário lúdico e versátil, lembra um sonho, daqueles que muitas vezes tivemos quando criança, um universo em expansão, se complementando de forma orgânica com o belo figurino e a iluminação equilibrada.
A direção de Karen Acioly (saiba mais) é precisa, observada no andamento crescente da peça. A direção de movimento da peça é de Moira Braga (saiba mais), também uma artista deficiente visual, atriz e bailarina, sendo um dos fios condutores da peça, que tem muito de sua marca. Nos fazendo mais uma vez refletir sobre a necessidade de inclusão e da importância da representatividade para esta parcela da população.
A peça que estreou pouco antes do início da pandemia e teve as apresentações suspensas, conseguiu se erguer e ser apresentada de forma presencial, sendo a primeira peça que assisto na retomada, depois de um longo inverno, mais um obstáculo pesado nessa guerra cultural desnecessária que estamos vivendo, na qual os artistas são os verdadeiros heróis e a arte será sempre a vencedora, não importando o que os vilões da vida real façam. Como foi belo ver as lágrimas dos artistas e do público, celebrando o retorno aos palcos em grande estilo e em toda a essência da arte, com todos os protocolos e cuidados.
A pandemia não acabou, mas a Arte segue viva e pulsante, sempre em expansão!!! E como é bom ver o Teatro vivo, com toda sua força, longe das telas!!! Como são importantes peças que ajudem a formar plateia, para que as novas gerações consigam crescer sob o manto da diversidade e da representatividade, sem dogmas, livres, solidários e responsáveis e, consequentemente, vacinados contra as artimanhas dos vilões da vida real!!!
A lição do Pelicano: clique aqui
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Fotos: divulgação
Agradecimentos: Rodrigo Machado (Território Cultural) e Ana Celina.
Ficha técnica:
Elenco: Diego de Abreu, Felipe Rodrigues, Lucas Drummond, Luisa Vianna e Thiago Marinho
Direção: Karen Acioly
Direção de Movimento: Moira Braga
Direção de Produção: Bruno Mariozz
Texto e letras: Lucas Drummond e Thiago Marinho
Música e trilha sonora original: Wladimir Pinheiro
Figurino: Kika Lopes
Cenário: Doris Rollemberg
Iluminação: Renato Machado
Programação Visual: Patrícia Clarkson
Realização: Palavra Z Produções Culturais
Idealização: Nossa! Cia de Atores e Palavra Z Produções Culturais
Um espetáculo emocionante!
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