domingo, 5 de maio de 2024

Dicas Culturais em Brasília, Maio/2024



CCBB Brasília

26/04 a 12/05/2024







Teatro UNIP

04 e 05/05/2024



Oficina de Teatro com Túllio Guimarães

 Espaço Cultural Renato Russo

07 a 30/05/2024



O Feminino na Poesia de Chico Buarque

 Teatro de Sobradinho

11/05/2024



Teatro Brasília Shopping

11 a 19/05/2024




Teatro dos Bancários

11 a 26/05/2024

Autobiografia Autorizada, com Paulo Betti: 11 e 12/05/2024

Cuscuz na Mão, com Dadá Coelho: 11 e 12/05/2024

Parem de Falar Mal da Rotina, com Elisa Lucinda: 17 a 19/05/2024

Os Saltimbancos, com a Agrupação Teatral Amacaca: 19/05/2024 (Crítica)

Chico Teatro, com Cláudio Lins: 25 a 26/05/2024

Cantos de Encontro, com a Cia Os Buritis: 25 a 26/05/2024

Ingressos



O Olho da Fechadura

 Teatro Paulo Gracindo - SESC Gama

15 a 19/05/2024



A poesia do piano: Anastasiya Evsina interpreta obras-primas de Chopin e Scriabin

 Teatro Poupex

15/05/2024



A Trinca do Tempo

 Teatro Paulo Autran - SESC Taguatinga

24 a 26/05/2024



Doidas e Santas

Teatro Unip

24 a 26/05/2024



A Escritora e o Empalhador de Animais

 Teatro Engrenagem

24 a 25/05/2024



Nany People em Como Salvar um Casamento

Teatro Royal Tulip

25/05/2024




CCBB Brasília

30/05 a 23/06/2024



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DICAS INFANTIS


O Gato de Botas, Neia e Nando

Teatro Brasília Shopping

04 a 12/05/2024



De Ponta Cabeça

Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul)

04 a 12/05/2024





Parceiros:



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A Tropa, com Otávio Augusto - Teatro UNIP Brasília

Um homem e sua tropa, nada do que planejou. Um homem prostrado em uma maca, vulnerável como nunca antes. A visita de seus filhos, seu legado e um grande acerto de contas. Pessoas criadas com austeridade e objetivo fixo, mas que em geral viram alvo da própria violência que os gerou. Um retrato das divisões que arrebataram as famílias nos últimos os tempos. Aos poucos, tudo vai ficando mais claro e mais distante.


O espetáculo gira em torno da visita dos filhos a um pai em um leito de hospital, um confronto entre o líder e sua tropa, uma família desmoronada obrigada a conviver, conflitos que espelham a realidade, o autoritarismo e a busca pela liberdade. Mas, cada filho tem personalidade e problemas distintos, a tropa não conseguiu se manter uniforme. Assuntos triviais explodem bombas em séries, armam angústias e segredos, cada vez mais profundos.

A peça flerta entre o humor ácido e o drama, mesclando jovens atores com um dos Mestres do Teatro Brasileiro: Otávio Augusto, que deitado em uma maca hospitalar faz tudo acontecer, dando vida e brilho ao espetáculo, um carisma e um talento que fazem o espectador parar para celebrar cada momento, até o surpreendente desfecho.

O espetáculo está em cartaz há 8 anos, mesmo assim está cada vez mais atual no que se refere aos rachas familiares. Ainda que aos poucos vamos retornando a normalidade, as cicatrizes permanecem. O texto é ágil e consegue prender a atenção, em que pese estar um pouco datado em algumas passagens, algo que pode ser resolvido facilmente com alguns ajustes e atualizações.

       Até um quarto de hospital pode ser um ambiente violento e tóxico se o objetivo maior da sua vida é formar e manter uma Tropa.


Ficha Técnica

Fotos: Divulgação

quinta-feira, 2 de maio de 2024

2 + 2 = 5 – Agrupação Teatral Amacaca – CCBB Brasília

   Em um futuro presente distópico, cá estamos, em Brasília ou em outra cidade qualquer, sendo observados pelo Grande Pai de Todos (GPT), pobres criaturas colaboradoras da Metabras, consumidor e mercadoria, manipulados em um mundo pós verdade. A verdade: uma mentira contada 1000 vezes. Soa familiar?


     Adaptação do clássico de 1984, de George Orwell,  2 + 2 = 5 é um espetáculo para sentir e refletir, no melhor estilo da Agrupação Amacaca, com música autoral, coreografias, texto bem trabalhado e atores apaixonados, defendendo no palco o que acreditam, um teatro que traz o pensar de forma muito séria, mas ao mesmo tempo muito divertida. 


    Dogmas, aceitação, acreditar no que oferecem, em nome de seguir, de sobreviver, quem enfrenta sofre, muitas vezes de forma solitária, a sensação de estar sozinho nesse mundo coletivo é cada vez maior, mesmo assim tudo segue seu rumo em prol das bigdatas, das grandes corporações, do grande capital. Quem comanda esse monstro sem cérebro. O autoritarismo tem outro rosto, não parece mais tão cruel. 



    2 + 2 = 5, deus é poder, 1984 é 2024, 1949 também. A parte musical e criativa do grupo é muito interessante, simulando realidades que as máquinas fazem, com muito mais graça e maestria, uma boa vingança, fazendo 2 + 2 ser igual a 4, deus apenas existir para quem acredita e 2024 ser 2024. Tem hora que precisamos ao menos tentar retomar o controle das nossas vidas ou aceitarmos os destinos que o GPT escolher.

    O Diretor convidado Felipe Vidal consegue manter a unidade da ATA e as bases que a fizeram chegar onde chegou, contribuindo para o viés investigativo da obra e adaptação de forma muito sólida, além de aflorar os elementos do grupo: como garra, talento, irreverência, ironia, troca com o público, música, independente dos que estão em cena, todos trabalham em prol da peça, se constituindo em uma trupe que terá vida longa e é um patrimônio do Teatro de Brasília, honrando o eterno e inesquecível Hugo Rodas, cuja presença está sempre no palco do ATA.


    Ingressos e Ficha técnica 

    Fotos: Divulgação.


quarta-feira, 10 de abril de 2024

Prisioneiro 12.207 – de Bruno Estrela – Teatro dos Bancários/Brasília/DF

    A memória revisitada para não ser repetida. Sente-se o choque. A dor em cena. A desumanização. A memória sentida para não ser esquecida. Luz no chumbo. Não pouparam nem o som do vinil. Não pouparam nem o vendedor de discos. Um homem preso em uma cela do DOI-CODI. Na mão de assassinos. A sofrer e sonhar, imerso em alucinações, mas sem jamais perder a capacidade de suavizar sua dura vida nos porões de uma covarde ditadura. 


    Inspirada em pesquisa sobre a Comissão da Verdade, a peça é uma homenagem aos que não se calaram e um alerta para os que aqui estão. Ato desprezível, a tortura. Institucionalizada. Uma mancha a envergonhar para sempre. Uma história que aconteceu ontem e não pode ser jamais naturalizada ou relativizada. Sem anistia.



    Bruno Estrela tem uma atuação marcante na pele de Alex, cujo crime era vender discos de vinil. O ator se joga de forma visceral em sua própria dramaturgia, inteiro em cena. O trabalho corporal é intenso e exaustivo, nota-se que há uma grande preparação. Se consegue ver o ardor e as marcas da personagem, em uma performance memorável. Sangue, suor e lágrimas, sem perder a ternura. Em cada cena envolve o espectador em sua cela, fazendo ser parte de toda aquela injusta e cruel solidão.


    Nem só de doer vivemos, mesmo em um cubículo imundo ou convivendo com covardes torturadores, menores que os ratos que são instrumento de tortura e companhia, temos a possibilidade de receber visita como a de Martina (Silvia Viana), o contraponto, o amor e ódio, a chance de ver o mundo lá fora, a esperança quando tudo já se perdeu, a vida que se passou e volta. Uma mulher que também sofreu os horrores. Um ser etéreo, lembrando personagens do Bardo. Uma atuação marcada pelo olhar desafiador e o jogo de palavras. 


    Apesar da dor, o lúdico também está em cena; Alex não se resume ao que seus torturadores querem. Ele é maior que eles. Ele ainda é humano, muito mais do que os que o desumanizaram. As cores dele brilham mais que qualquer tiro de fuzil; e a iluminação pinta esse quadro com bastante realce e contraste. A cenografia é interessante e funcional, permitindo o desenvolvimento de soluções cênicas, mesmo entre correntes, celas e cadafalso. A bela trilha sonora é cantada ao vivo por Gaivota Naves e Guilherme Cobelo traz a suavidade e a direção cuidadosa dá ritmo e camadas ao espetáculo, que surpreende em cada cena, um trabalho conjunto de André Amahro, Bruno Estrela e Silvia Viana.


    Que o grito do Prisioneiro 12.207 ecoe!  


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    Ficha técnica

    Instagram de Bruno Estrela

    Fotos: Cleiton do Carmo

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Trilogia Grande Sertão: Veredas – Riobaldo – Teatro Brasília Shopping

   

        Travessia de uma vida. Um mergulho no clássico de Guimarães Rosa. Frente a frente com Riobaldo: seus amores, paixões e afetos; ilusões, desilusões, feitos, pactos e avessos de sua existência. Um homem humano que abre sua vida a nós, ilustres desconhecidos, ávidos leitores a escutá-lo, ávidos ouvintes a ler tudo o que ele tem a dizer. E ele conta tudo que foi e viu.

        Profundo conhecedor da obra do escritor, Gilson de Barros nos conduz o espetáculo flutuando apenas pela presença da palavra, transformando o livro em uma viagem cênica que forma na mente do leitor as paisagens e vivência do sertanejo; um trabalho que magnetiza desde o início, ao se despir o ator de si e se encher de Riobaldo, em uma notável transformação física, transmutando-se do olhar aos gestos e da forma de se expressar.

        Em estado de atenção, a plateia se entrega e acompanha a trajetória contada por Riobaldo: alguns aficionados pela obra, se inundam de sertão pela possibilidade de visualizar a leitura em cena; outros, com a chance de ter um contato maior com a obra do que já tiveram, multiplicam as possibilidades de acesso ao universo do autor; certamente, nenhum deles deixou de viver e vivenciar cada detalhe do que presenciaram.

 
    
     Indicada ao prêmio Shell de melhor ator e melhor dramaturgia, a peça, que inaugura a trilogia, foi concebida de forma independente por Gilson de Barros há cerca de 4 anos, colocando em perspectiva as relações afetivas do ex-jagunço, agora fazendeiro. De seu amigo Diadorim, o aprendizado, a ambiguidade e o seu maior afeto; da prostituta  Nhorinhá, a paixão carnal, ainda que tenham se deitado apenas uma noite, como nos conta; e de  esposa Otacília, o porto seguro, o que entende ser sua redenção. Uma imensidão de pactos e escolhas, como a vida.


        A direção do Mestre Amir Haddad leva o espetáculo para dentro do livro, sendo sua ideia a forma de fazer o teatro como se livro fosse, um homem contando sua vida e nada mais, utilizando a técnica da interpretação narrativa, que foi levada ao extremo e apresentada com maestria pelo ator. A trilogia se completa com o “O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho”, que trata da dialética do bem e do mal; e “O Julgamento de Zé Bebelo”, sobre justiça.

        Travessia de uma peça. Imaginei a peça circulando em povoados. A palavra povoando mentes, desbravando sertões, retornando à fonte de onde Guimarães Rosa colheu a matéria-prima para sua obra-prima. 


         

            Instagram da trilogia


            Ingressos:

            RIOBALDO

            Dia 06/04/2024 

            Dia 07/04/2024 


            O DIABO NA RUA NO MEIO DO REDEMUNHO

            Dia 12/04/2024 

            Dia 13/04/2024

            Dia 14/04/2024 


            Teatro Brasília Shopping

            Agradecimento: Renata Rezende

            Fotos: divulgação