Uma fábula em ritmo de carnaval, um grito de alerta contra esse mundo distópico que insiste em nos sugar, uma máquina de moer gente, que quando menos esperamos já estamos quase lá. Projeto corajoso idealizado por Paulo Verlings, com dramaturgia de Marcéli Torquato e direção de Vilma Melo, “Salvador, Anoiteceu e é Carnaval” conta a história de Salvador, um músico idealista e sonhador, quase um anti-herói, em busca de sua amada, que desapareceu sem deixar qualquer vestígio.
Em sua aventura, Salvador vai parar em Ermo, a cidade que não para, quando é confundido com uma estátua e se depara com um mundo diferente, onde a noite dura apenas 60 minutos, tempo suficiente para a população dormir, por que precisam trabalhar e nada mais importa, onde o tempo passa tão rápido a ponto de não se ver o tempo passar. Já se sentiu em Ermo?
Com críticas ao mundo corporativo contemporâneo, com referência à necessidade de consciência de classe e de valorizar o que realmente importa, ao mesmo tempo que mostra a busca do protagonista, o espetáculo traz reflexão sobre até onde um mundo em que o tempo é voltado implacavelmente ao trabalho e à luta pela sobrevivência pode chegar e como é fácil manipular pessoas que se comportam como robôs. Já se sentiu um robô?
Costurada com canções da música baiana de várias gerações, cantadas ao vivo pelos atores em cena e tocadas por músicos, que também fazem a sonoplastia e a ambientação sonora, a peça, muito bem construída em metáforas, vai se desenvolvendo de forma crescente e contagiando o público, em uma bela homenagem à cultura e à vida, que devem ser celebradas. Tudo se reconstrói, a vida sempre toma o seu lugar. Já anoiteceu?
As atuações na estreia em Brasília foram seguras e bem desenvoltas. Interessantes as diversas soluções cênicas do espetáculo, que vai de uma linguagem própria para quem precisa ter pressa a cenas realizadas em sentido anti-horário, além de figurino e cenário funcionais e detalhistas, que ajudam bastante na ideia central da peça, que possui duas versões, uma recomendada para maiores de 14 anos e outra livre.
Caia na folia!
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Agradecimento: Rodrigo Machado (Território Comunicação)
Fotos: Divulgação
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