Um homem e sua tropa, nada do que planejou. Um homem prostrado em uma maca, vulnerável como nunca antes. A visita de seus filhos, seu legado e um grande acerto de contas. Pessoas criadas com austeridade e objetivo fixo, mas que em geral viram alvo da própria violência que os gerou. Um retrato das divisões que arrebataram as famílias nos últimos os tempos. Aos poucos, tudo vai ficando mais claro e mais distante.
O espetáculo gira em torno da visita dos filhos a um pai em um leito de hospital, um confronto entre o líder e sua tropa, uma família desmoronada obrigada a conviver, conflitos que espelham a realidade, o autoritarismo e a busca pela liberdade. Mas, cada filho tem personalidade e problemas distintos, a tropa não conseguiu se manter uniforme. Assuntos triviais explodem bombas em séries, armam angústias e segredos, cada vez mais profundos.A peça flerta entre o humor ácido e o drama, mesclando jovens atores com um dos Mestres do Teatro Brasileiro: Otávio Augusto, que deitado em uma maca hospitalar faz tudo acontecer, dando vida e brilho ao espetáculo, um carisma e um talento que fazem o espectador parar para celebrar cada momento, até o surpreendente desfecho.
O espetáculo está em cartaz há 8 anos, mesmo assim está cada vez mais atual no que se refere aos rachas familiares. Ainda que aos poucos vamos retornando a normalidade, as cicatrizes permanecem. O texto é ágil e consegue prender a atenção, em que pese estar um pouco datado em algumas passagens, algo que pode ser resolvido facilmente com alguns ajustes e atualizações.
Até um quarto de hospital pode ser um ambiente violento e tóxico se o objetivo maior da sua vida é formar e manter uma Tropa.
Fotos: Divulgação
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