sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Antígona, ensaio sobre a tirania - Teatro do Exílio - Espaço Cultural Renato Russo


Foto: André Fernandes

O Teatro do Exílio apresenta Antígona, um ensaio sobre a tirania. Uma adaptação da peça escrita por Sófocles em 442 a.c, que retrata a luta de Antígona para enterrar seu irmão, desafiando o Rei Creonte (https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-tragedia-na-peca-teatral-antigona-sofocles.htm).

O Grupo, que foi criado em 2013 na Universidade de Brasília com o nome de Coletivo Calcanhar de Aquiles, realiza pesquisa da atualidade da tragédia como gênero dramático. Trazendo o texto de Sófocles para os nossos dias, consegue mostrar a essência do clássico acrescentando camadas de atualidade e realidade que vão se sobrepondo.

Tebas - antiguidade, Brasil 1964, Brasil - dias atuais.

Como Creonte, os governos totalitários ou mesmo um fascista que foi eleito “democraticamente” tem a necessidade de usar a autoridade como um recurso de decisão para manter a ordem. Governando por decretos ou comprando votos, sem ouvir o povo, com idiossincrasias e ideologias vazias, estes presidentes deixam facilmente de serem chefes de governo para virarem tiranos, agindo sob a subjetividade e as preferências pessoais, esquecendo que nenhum governante pode ultrapassar os limites que violam a sociedade.

                                                                                  Foto: André Fernandes

Nossa heroína, uma Antígona da periferia que reivindica por seus direitos, vem nos lembrar de que sempre precisamos lutar contra o totalitarismo, contra o fascismo, contra regimes militares, contra preconceitos, contra ataques às minorias, contra injustiças, contra prisões políticas e demais arbitrariedades. Ela vem nos lembrar da necessidade da desobediência civil quando o obscurantismo e o totalitarismo querem nos engolir. Mesmo que o risco seja a morte, devemos lutar como uma Antígona!

                                                                                   Foto: Tonhão Nunes

Fumaça, sombras, luzes de holofotes estrategicamente colocados. Obscuridade. Uma banda de rock com som psicodélico. A plateia na berlinda. O palco fora, a plateia dentro. O público restrito, confinado em um quadrado. Cheiro de sangue. Afogamentos. A tensão no rosto da plateia é permanente. Chega a impressionar a reação de alguns à opressão que sentimos. O sentimento ruim de presenciar um regime totalitário covarde, em um Estado que deveria existir para evitar a dissolução da sociedade, mas que se comporta de forma marginal e clandestina, movida por vontades pessoais do governante. Sem diversidade. Sem pluralidade. Sem direitos fundamentais individuais.

                                                                          Foto: Renata Rubia Fernandes
                                                                                   

Peça urgente e potente. Viva. Feita com “sangue nos olhos”. Convida-nos a refletir sobre as consequências de sermos educados a sempre obedecer. Qual o limite da covardia? Qual o limite da aceitação? Quando dizer basta? Embora esteja em curso um projeto de fazer nosso povo acreditar, jamais o Estado estará acima de tudo, nem Deus acima de todos.

                                                                                     Foto: Dani Souza

Sob a direção orgânica de Bárbara Figueira, que atua como o profeta cego Tiresias, a peça será apresentada em breve em diversas cidades satélites, levando o teatro e suas questões onde o povo está. Nosso povo, que precisa tanto ser continuamente relembrado do que aconteceu para que sejam evitadas novas ditaduras requentadas, perdas de direitos e opressões.

Somos todos Antígona!!!

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