Plínio Marcos é um gênio do
teatro mundial, que inovou e quebrou paradigmas, trazendo ao palco e colocando debaixo
do holofote pessoas e questões que não interessavam e continuam a não
interessar à maioria. O próprio Plínio ironizava, ao afirmar que suas peças virariam
clássicos se o país não mudasse. E, conforme previsto, viraram.
Navalha na Carne, estreada em
1967 em plena Ditadura Militar, é a matéria prima para a livre adaptação da
peça da Casa de Ferreiro Companhia de Teatro, que mergulha na história de Neusa
Suely, a puta, a acabada, a destruída, a explorada por Vado. É um grande manifesto
contra a violência emocional às mulheres proveniente de relacionamentos abusivos,
um trabalho intenso de pesquisa da Companhia e do Diretor Bruno Estrela, que mescla
o texto original com texto autoral e depoimentos de mulheres abusadas, em um
trabalho que merece novos palcos.
Pague, receba “amor” em troca, um
ingresso em forma de coração. Isso é amor?
Transportados para o palco da
vida, nas quebradas do Mundaréu, estamos sentados na mesa de um bar, com
cervejas em volta, carros cantando pneu, o barro de Brasília, putas e cafetões
contando suas vidas de merda, mendigos catando lixo e temendo pelo pior. Aqueles
excluídos, invisíveis, marginais e miseráveis a quem Plínio Marcos deu tanta voz
e por isso foi diversas vezes censurado. Será que eles são gente?
Após o choque inicial, continuamos
em estado de atenção para vivermos de perto o abuso, a covardia, o desrespeito,
o machismo, tão infelizmente cotidianos, culturalmente arraigados em nossa sociedade.
Isso vai mudar?
A peça em diversos momentos
surpreende o público, com soluções como em um metatexto que joga com a
possibilidade de estarmos vivenciando uma preparação de atores, passando por
debates importantes e a desconstrução do macho predador. Isso é vingança?
As fases da vida de Neusa Suely, as diversas Neusas Suelys, dão ao público a possibilidade de reflexão ao mesmo tempo em que emociona e o faz se solidarizar com a dor delas, com suas vidas suspensas, degradadas; são muitas as infelizes, vitimadas, desumanizadas. A vida nua e crua. Independentes da idade todas foram fodidas pelo amor. Tem alguma dúvida que o amor vai te foder um dia?
As fases da vida de Neusa Suely, as diversas Neusas Suelys, dão ao público a possibilidade de reflexão ao mesmo tempo em que emociona e o faz se solidarizar com a dor delas, com suas vidas suspensas, degradadas; são muitas as infelizes, vitimadas, desumanizadas. A vida nua e crua. Independentes da idade todas foram fodidas pelo amor. Tem alguma dúvida que o amor vai te foder um dia?
Parabéns aos atores Bile Zampaulo, Du Oliveira, Élder de Paula, Gabriel Fernandes, Juliana
Cavallari, Luís Ferrara, Madelon Cabral, Samuel Mairon, Silvia Mello, Silvia
Viana, Tati Santana, Tina Carvalho, e Yeda Gabriel, que captaram a necessidade de
fazer o público sentir o soco no estômago e as mais diversas sensações e
emoções.
Parabéns ao Diretor Bruno Estrela
pelo seu trabalho talentoso, criativo e obstinado no Teatro independente de
Brasília.
Como Plínio Marcos, um repórter
de um tempo mau, vocês não fazem teatro para o povo, mas em favor do povo,
para incomodar os que estão sossegados.
Fotos: Eulenk Fotografia
Fotógrafa: Ellen Carvalho
Instagram: @eulenkfotografia
Telefone para contato: 61 9811-80431
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