domingo, 9 de fevereiro de 2020

Medeia, a Neta do Sol – Cia Brasilienses de Teatro - Espaço Cultural Renato Russo – DF - Em cartaz até 16/02/2020


Muita fumaça. Um sol ao centro. Sentamos em volta. Estamos diante dela, a neta do sol, Medeia de Eurípedes, o mais trágico dos trágicos, que em 431 a.C. apresentou a força de uma mulher dona de seu destino lutando contra o patriarcado (saiba mais).


Eurípedes trouxe diversas questões nesta peça tão antiga, com impressionante pioneirismo, tratando de feminismo, xenofobia, traição, revolta, cidadania, filicídio, a dicotomia entre o dever e a paixão, colocando os heróis dirigindo e decidindo as próprias vidas independente dos designos dos deuses, mesmo que se destruam por eles. Algo moderno, considerando inclusive o retrocesso que estamos vivendo nos dias de hoje.



Realizada no “Aquário” do Espaço Cultural, a peça de James Fensterseifer, adaptação de Medeia de Eurípedes, tem o mérito de conseguir trazer uma tragédia grega a um teatro intimista, de total proximidade com a cena, que acontece inclusive atrás dos assentos e nos corredores, fazendo com que os espectadores vivam a experiência de perto, quase dentro do palco.



A atriz Ana Paula Braga tem o talento e o potencial necessários para tão forte e singular personagem. As soluções cênicas são bastante interessantes e o revezamento dos atores entre os papéis masculinos funciona muito bem. Marcos Davi e Felix Saab conseguem realizar as trocas de personagens e transições em alguns momentos com auxílio de máscaras outros com caracterização por meio de expressões faciais e corporais bem trabalhadas, além da realização de diversos exercícios cênicos de qualidade.




Em relação à estreia, teço as seguintes observações: notei ausência de necessárias pausas  em algumas cenas da protagonista, que certamente estarão presentes durante a temporada; caso seja possível, sugiro testar outro tipo de material do círculo amarelo no meio do palco, bem como testar um figurino com as vestes fetichistas das fotos de divulgação; sugiro, ainda, que seja refletida a questão de buscar fazer o público sair do espetáculo mais perplexo e aterrorizado.


Parabéns ao grupo por manter a chama do Teatro viva, nos presenteando com uma história tão antiga quanto atual. Viva o nosso Teatro!!!


“Que flagelo é o amor para os mortais!” – Eurípedes, Medeia.





Ficha Técnica: link

Fotos: divulgação

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