quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Liberdade, Liberdade (Leitura Dramática) – Osdramátikos (Brasília/DF) – Sesc Garagem/DF

 

Após “Uma Criatura Dócil”, Osdramátikos retomam as apresentações presenciais das leituras dramáticas, em temporada regular no Sesc Garagem, que serão realizadas às terças-feiras, de acordo com a programação do espaço, com o tradicional vinho tinto, que harmoniza muito bem com espetáculo, mas suspenso temporariamente devido à variante ômicron.

Para que o cidadão do país seja mais livre, é preciso que as riquezas produzidas no país fiquem no país!!!


Sempre que mais de meia dúzia de pessoas se reúnem, a liberdade individual cede aos interesses coletivos!!!


O texto escolhido para essa volta tão importante para a cena teatral local, foi Liberdade, Liberdade, de 1965, do lendário Grupo Opinião, escrito por Millor Fernandes e Flávio Rangel,  que se basearam na leitura de 75 livros e apresentado à época por Paulo Autran, Nara Leão, Oduvaldo Vianna Filho e participação especial Tereza Rachel.

Quando Bernard Shaw esteve nos Estados Unidos foi convidado a visitar a liberdade, mas recusou-se afirmando que seu gosto pela ironia não ia tão longe. 



Se
o governo continuar permitindo que certos parlamentares falem em eleições; se o
governo continuar deixando que certos jornais façam restrições à sua política
financeira; se continuar deixando que alguns políticos mantenham suas
candidaturas; se continuar permitindo que algumas pessoas pensem pela própria
cabeça; se continuar deixando que os juízes do Supremo Tribunal Federal
concedam habeas-corpus a três por dois; e se continuar permitindo espetáculos
como este, com tudo que a gente já disse e ainda vai dizer – nós vamos acabar
caindo numa democracia!!!

O texto urgente e necessário quando estreou, permanece urgente e necessário, mesmo que os próprios artistas tenham entendido como um texto circunstancial, como declarou Vianinha ao escrever sobre ele, por ser uma propaganda, uma arte feita dentro dos limites e para os novos limites da consciência social. De certa forma, uma aula sobre o mundo que nossos pais viveram e pela conexão passado, presente e futuro, o que vivemos e que as próximas gerações viverão.


Na discussão final desta Declaração (da Independência Americana), foi cortado um item que condenava a escravatura. A questão racial americana nascia com o país!!!



A segregação racial é o fruto do concubinato entre a imoralidade e a
desumanidade!!!

Assim como a peça original, a leitura dramática fez questão de manter o bom humor e astral alto, apesar de temas pesados e difíceis, mas que por isso não podem ser negligenciados, por que a busca pela liberdade é constante e quando não nos resolvemos com o passado, ele pode voltar e de certa forma, estamos vivendo isso hoje, com a esperança que não vivamos isso amanhã, já que a liberdade não é algo natural, dado, mas são conquistas humanas.


Qualquer tentativa de libertação dos negros era castigada com crueldade
inimaginável. Em 1751, regressando de uma expedição contra índios e escravos 
fugidos, Bartolomeu Bueno do Prado voltou trazendo consigo 3.900 pares de
orelhas de negros que destruiu.



O fascismo vai restaurar a saúde de Espanha!

Abaixo a inteligência!

Viva a morte!


O texto interpretado por três atores talentosos, Abaetê Queiroz, André Araújo e Bárbara Gontijo deu ritmo e dinâmica à apresentação, tendo como grande mérito, o espectador sentir o gosto de imaginar como foi a apresentação naquele tempo tão cinza (quanto esse) da nossa História. Assusta como as coisas se repetem, como sábios, poetas, dramaturgos, escritores e artistas foram julgados e como genocidas por um instante foram de forma ignorante, estúpida e conivente exaltados, como a liberdade está sempre na corda bamba ou sendo materializada de forma hipócrita e equivocada.



Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda!!!




 Entre os homens
livres não pode haver escolha entre o voto e as armas. Os que preferirem as
armas acabarão pagando caro. A verdadeira força dos governantes não está em
exércitos ou armadas, mas na crença do povo de que eles são claros, francos,
verdadeiros e legais. Governo que se afasta desse poder não é governo – mas
uma quadrilha no poder!!!

Em relação à parte musical, a leitura teve a opção de substituir algumas músicas incidentais por canções nacionais completas contemporâneas como “O Tempo Não Para”, de Cazuza, e usar inclusive um belo clássico da capoeira, “Rei Zumbi de Palmares” de Mestre Moraes, na voz e violão emocionantes de Abaetê Queiroz.

Fui chamado a cantar e para tanto há um mar de som no búzio de meu canto. Hoje, fui chamado a cantar a liberdade – e se há mais quem cante, cantaremos juntos. 



Todos os seres humanos nascem iguais e livres em dignidade e direitos, sem
distinção de raça, sexo, cor, idioma, religião, opinião política ou de qualquer outra
índole.
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança de sua pessoa;
Ninguém será submetido à escravidão;
Ninguém será submetido a torturas e a tratos cruéis;
Ninguém poderá ser arbitrariamente preso, detido ou desterrado;
Toda pessoa tem direito a sair de seu país e a regressar
livremente a seu país;
Toda pessoa tem direito à propriedade;
A maternidade e a infância têm direito a cuidados especiais;
A vontade do povo é a base da autoridade do poder
público;
E todos são iguais perante a lei.
(Declaração Universal dos Direitos do Homem)




Vida longa à programação dos Osdramátikos!!!


Viva o Teatro!!!


Ficha técnica: @osdramatikos

Agradecimentos: Luciana Lobato e Guilherme Angelim.



Nenhum comentário:

Postar um comentário