Após “Uma Criatura Dócil”, Osdramátikos retomam as apresentações presenciais das leituras dramáticas, em temporada regular no Sesc Garagem, que serão realizadas às terças-feiras, de acordo com a programação do espaço, com o tradicional vinho tinto, que harmoniza muito bem com espetáculo, mas suspenso temporariamente devido à variante ômicron.
Sempre que mais de meia dúzia de pessoas se reúnem, a liberdade individual cede aos interesses coletivos!!!
O texto escolhido para essa volta tão importante para a cena teatral local, foi Liberdade, Liberdade, de 1965, do lendário Grupo Opinião, escrito por Millor Fernandes e Flávio Rangel, que se basearam na leitura de 75 livros e apresentado à época por Paulo Autran, Nara Leão, Oduvaldo Vianna Filho e participação especial Tereza Rachel.
O texto urgente e necessário quando estreou, permanece urgente e necessário, mesmo que os próprios artistas tenham entendido como um texto circunstancial, como declarou Vianinha ao escrever sobre ele, por ser uma propaganda, uma arte feita dentro dos limites e para os novos limites da consciência social. De certa forma, uma aula sobre o mundo que nossos pais viveram e pela conexão passado, presente e futuro, o que vivemos e que as próximas gerações viverão.
Assim como a peça original, a leitura dramática fez questão de manter o bom humor e astral alto, apesar de temas pesados e difíceis, mas que por isso não podem ser negligenciados, por que a busca pela liberdade é constante e quando não nos resolvemos com o passado, ele pode voltar e de certa forma, estamos vivendo isso hoje, com a esperança que não vivamos isso amanhã, já que a liberdade não é algo natural, dado, mas são conquistas humanas.
O fascismo vai restaurar a saúde de Espanha!
Abaixo a inteligência!
Viva a morte!
O texto interpretado por três atores talentosos, Abaetê Queiroz, André Araújo e Bárbara Gontijo deu ritmo e dinâmica à apresentação, tendo como grande mérito, o espectador sentir o gosto de imaginar como foi a apresentação naquele tempo tão cinza (quanto esse) da nossa História. Assusta como as coisas se repetem, como sábios, poetas, dramaturgos, escritores e artistas foram julgados e como genocidas por um instante foram de forma ignorante, estúpida e conivente exaltados, como a liberdade está sempre na corda bamba ou sendo materializada de forma hipócrita e equivocada.
Em relação à parte musical, a leitura teve a opção de substituir algumas músicas incidentais por canções nacionais completas contemporâneas como “O Tempo Não Para”, de Cazuza, e usar inclusive um belo clássico da capoeira, “Rei Zumbi de Palmares” de Mestre Moraes, na voz e violão emocionantes de Abaetê Queiroz.
Fui chamado a cantar e para tanto há um mar de som no búzio de meu canto. Hoje, fui chamado a cantar a liberdade – e se há mais quem cante, cantaremos juntos.
Vida longa à programação dos Osdramátikos!!!
Viva o Teatro!!!
Ficha técnica: @osdramatikos
Agradecimentos: Luciana Lobato e Guilherme Angelim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário