Tudo chato! Insuportavelmente chato! E divertido! Paradoxalmente divertido extrair risos da chatice, um chato que acha tudo chato; mas todos estão lá, em uma identificação imediata, rindo e se divertindo, se reconhecendo em catarse coletiva.
Em O Caso presenciamos, em tempo real, uma sessão de psicanálise de um homem cansado de tudo, que há três anos só consegue achar tudo muito chato, está a beira da depressão e precisa deixar de sofrer por se chatear. Ao mesmo tempo, que vemos a terapeuta, ávida pesquisadora, tentando diagnosticar o paciente e resolver aquele caso tão diverso.
Um assunto difícil que vai se apresentando leve em cena, com os atores Otávio Muller e Letícia Isnard afiados no tempo de comédia e no ritmo dos diálogos, em um texto veloz que consegue atrair e iludir o espectador. Adaptado do texto original francês, a peça se inspira no mito de Sísifo, com nosso herói rolando a chateação eternamente, universal; a vida é dura, mas às vezes o que nos resta é rir; alívio.
Tecnicamente, a peça funciona bem, destaque para o cenário, que é simples e possui algo sui generis: as paredes do consultório são de papelão, algo que só é percebido na luz natural, ao fim do espetáculo, como nossos defeitos e nossas necessidades de buscar ajuda.
Sigamos rolando nossas chatices, como Sísifo, mas rindo!
Ficha técnica:
Texto: Jacques Mougenot
Tradução: Marilu de Seixas Corrêa
Direção: Fernando Philbert
Elenco: Otávio Muller e Letícia Isnard
Cenografia: Natalia Lana
Figurino: Carol Lobato
Iluminação: Vilmar Olos
Trilha Original: Francisco Gil - Gilsons
Arte Gráfica: @orlatoons
Direção de Produção: Carlos Grun
Uma produção Bem Legal Produções
Produção em Brasília: DECA Produções
Patrocínio: Colombo Agroindustria
Patrocínio Local: Brasal
Fotos: divulgação
Agradecimentos: Rodrigo Machado (Território Comunicação) e André Deca (Deca Produções).
Quando a gente lê uma crítica e se diverte em meio aos elementos descritivos, sabiamente, utilizados. Um crítico que abrange universalidade com tamanha sensibilidade!
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