Uma volta em grande estilo. Público. Música. Celebração. Uma noite emocionante e especial, nesta retomada do Sesc Garagem, palco tão importante da nossa Capital, às apresentações presenciais.
Após um longo inverno, aqui estamos novamente, na Rússia do século XIX, de frente para Fiodor Dostoiévski, em um doce privilégio de ouvir a leitura de um importante texto do realismo fantástico, parte de sua grande obra. Um texto de 1876, que parece nos mostrar que os russos disseram tudo contando suas aldeias, como disse Tolstoi, e o que não disseram diretamente, estão nas entrelinhas e até mesmo no silêncio.
O texto, baseado em uma notícia lida pelo autor no jornal, foi muito bem-adaptado por Claudine Duarte em três atos. A obra foi considerada uma das mais vigorosas novela de desespero da literatura mundial. Trata da narrativa de um pobre diabo, dono de uma loja de penhores com um histórico decadente, nos contando sobre a sua relação com a jovem esposa que jaz a nossa frente (saiba mais).
Embora seja uma leitura dramática, a apresentação traz todo clima do teatro russo, capitaneado por Stanislavski, que tanto montou Dostoiévski. A narrativa realizada por três grandes atores trouxe uma dinâmica especial, trazendo as múltiplas personalidades do nosso narrador. Abaetê Queiroz, André Araújo e Léo Gomes nos brindam com suas interpretações e talento, que trazem toda a polifonia e paradoxo necessários, para contar uma história complexa deste homem comum, tendo como pano de fundo o espírito frente à tragédia do silêncio.
Além do texto e das interpretações, o cenário, o figurino, a trilha sonora, a forma diferente, doce e carinhosa de acomodar a plateia, tudo isto, trouxe brilho para esta noite mágica, reafirmando a Arte Maior, o Teatro, onde os artistas se encontram mais próximo do público, ao vivo, sem telas.
Com “Uma Criatura Dócil”, Osdramátikos retomam as apresentações presenciais das leituras dramáticas, foco do coletivo que se apresenta há cerca de 6 anos e que durante a pandemia realizou as leituras dramáticas de forma on line.
Por fim, como sugestão à montagem, deixaria os notebooks e a sua operação na cabine de som/iluminação.
“Os homens estão sozinhos na terra, rodeados de silêncio – isso é a terra!”
A pandemia não acabou, mas a Arte segue viva, pulsante, apesar de todas as perseguições que vem sofrendo, graças aos Artistas e profissionais da Cultura, que são gigantes, e ao público, que mais do que nunca, precisa lutar e exigir que o Teatro continue a existir. Bom lembrar que nesta noite mágica, o negacionismo não teve vez, sendo conferido na entrada, se cada pessoa completou sua vacinação.
Viva o Teatro!!!
Ingressos: compre aqui
Ficha técnica e processo criativo contado pela escritora Claudine Duarte: clique aqui
Página do espetáculo: clique aqui
Fotos: Mari Mattos
Agradecimentos:
Sesc Garagem, Coletivo Maria Cobogó e Supermercado Big Box.
Guilherme Angelim e Dani Vasconcelos (Guinada Produções)
Samuel Ramos (Sesc)
https://www.youtube.com/watch?v=Oohze03mYrw&t=107s
ResponderExcluirParabéns a Claudine essa locomotiva cultural de Brasília! Muito necessário o seu empenho para o restabelecimento da dinâmica da arte teatral em Brasília!!! Viva Claudine!!!
ResponderExcluirParabéns, Claudine! Dessa vez, não pude estar, mas aguardo ansiosa pela próxima temporada.
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