sábado, 12 de outubro de 2019

Esperando Zumbi – Cristiane Sobral – Teatro SESC Garagem – DF



Sala de espera de um dos maiores palcos da resistência da arte em Brasília. O público não para de chegar. A diversidade e a pluralidade estampada nos rostos e nas roupas, sem rótulos, sem barreiras. Simplesmente pessoas, ávidas para esperar por Zumbi.



Peço licença ao adentrar.

A montagem conta a história de uma mulher negra que espera por seu homem, um negro alto, forte e bonito. Zumbi. Vocês vão ver quando Zumbi chegar.



Escrita, dirigida e interpretada por Cristiane Sobral, “Esperando Zumbi” é uma peça-manifesto que possui fortes críticas sociais, com recortes da atualidade, que nos fazem lembrar e relembrar quantas vezes forem necessárias da eterna luta contra o colonialismo, o preconceito, o machismo, a cultura do estupro, a intolerância religiosa, a perseguição política, o genocídio do povo negro, a desigualdade social, o ataque às minorias e todas as questões urgentes, apesar de permanentes, que não são resolvidas, porque nosso país adota oficialmente o esquecimento e a manipulação da nossa História.



Impossível não se impressionar com a presença de palco de Cristiane Sobral, representando a força da mulher negra com garra e talento. Seu trabalho corporal e postura ao interpretar tanto a protagonista quanto os guias (Dona Maria Navalha, Seu Arranca Toco e Zé Pilintra) são marcantes.



A quebra constante da quarta parede e a interatividade com o público deixam o espetáculo ainda mais vivo e tocante. São constantes os momentos de emoção tanto da plateia quanto da artista, movendo a energia do teatro para cima, sempre de forma positiva, mesmo tratando de situações difíceis. De arrepiar e marejar os olhos. Como é importante ver a cultura afro-brasileira sendo representada em posição de destaque. Uma cultura que merece ser celebrada, preservada, defendida e respeitada, sempre.



A banda de apoio, composta por Ana Béa, Dani Vieira e Marcelo Café, apresenta uma trilha sonora genuína e contagiante interpretada por vozes lindas e harmônicas, dando o ritmo e a sonoridade ao espetáculo, trazendo o terreiro e o mundo dos orixás e guias ao teatro. Parafraseando Marcelo Café, uma maravilhosidade.



Não tenhamos medo nem receio, estamos juntos esperando Zumbi chegar. E dessa vez, não vamos deixar de jeito nenhum os homens de bem matá-lo! Vai ter luta! Por que, seja Ogum, Oxum, Oxóssi, Oxumaré ou outro; quem tem um orixá, tem tudo!




Salve Zumbi!

Destaque para os prêmios e seleção em festivais, além da publicação na Antologia de Dramaturgia Negra (FUNARTE). http://www.funarte.gov.br/artes-integradas/funarte-lanca-livro-com-textos-de-autores-teatrais-negros/.

Viva a representatividade! Axé!

Ficha técnica:
Atriz, diretora e dramaturga: Cristiane Sobral 
Músicos: Ana Béa, Dani Vieira e Marcelo Café 
Fotos de divulgação: Victor Martiz
Fotos do espetáculo: Raíssa Tuany
Maquiagem: Paulo
Assessoria de Imprensa: Davi Mello
Iluminação: Larissa Souza;
Designer e Assistente de Produção: Ricardo Caldeira






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