Sala de espera de um dos maiores
palcos da resistência da arte em Brasília. O público não para de chegar. A
diversidade e a pluralidade estampada nos rostos e nas roupas, sem rótulos, sem barreiras. Simplesmente pessoas, ávidas para esperar por Zumbi.
Peço licença ao adentrar.
A montagem conta a história de
uma mulher negra que espera por seu homem, um negro alto, forte e bonito.
Zumbi. Vocês vão ver quando Zumbi chegar.
Escrita, dirigida e interpretada
por Cristiane Sobral, “Esperando Zumbi” é uma peça-manifesto que possui fortes
críticas sociais, com recortes da atualidade, que nos fazem lembrar e relembrar
quantas vezes forem necessárias da eterna luta contra o colonialismo, o
preconceito, o machismo, a cultura do estupro, a intolerância religiosa, a
perseguição política, o genocídio do
povo negro, a desigualdade social, o ataque às minorias e todas as questões
urgentes, apesar de permanentes, que não são resolvidas, porque nosso
país adota oficialmente o esquecimento e a manipulação da nossa História.
Impossível não se impressionar
com a presença de palco de Cristiane Sobral, representando a força da mulher
negra com garra e talento. Seu trabalho corporal e postura ao interpretar tanto
a protagonista quanto os guias (Dona Maria Navalha, Seu Arranca Toco e Zé
Pilintra) são marcantes.
A quebra constante da quarta parede e a interatividade
com o público deixam o espetáculo ainda mais vivo e tocante. São constantes os
momentos de emoção tanto da plateia quanto da artista, movendo a energia do
teatro para cima, sempre de forma positiva, mesmo tratando de situações
difíceis. De arrepiar e marejar os olhos. Como é importante ver a cultura afro-brasileira sendo representada em posição de destaque. Uma cultura que merece ser celebrada, preservada, defendida e respeitada, sempre.
A banda de apoio, composta por Ana
Béa, Dani Vieira e Marcelo Café, apresenta uma trilha sonora genuína e
contagiante interpretada por vozes lindas e harmônicas, dando o ritmo e a
sonoridade ao espetáculo, trazendo o terreiro e o mundo dos orixás e guias ao
teatro. Parafraseando Marcelo Café, uma maravilhosidade.
Não tenhamos medo nem receio, estamos juntos
esperando Zumbi chegar. E dessa vez, não vamos deixar de jeito nenhum os homens
de bem matá-lo! Vai ter luta! Por que, seja Ogum, Oxum, Oxóssi, Oxumaré ou
outro; quem tem um orixá, tem tudo!
Salve Zumbi!
Destaque para os prêmios e
seleção em festivais, além da publicação na Antologia de Dramaturgia Negra
(FUNARTE). http://www.funarte.gov.br/artes-integradas/funarte-lanca-livro-com-textos-de-autores-teatrais-negros/.
Viva a representatividade! Axé!
Ficha técnica:
Atriz, diretora e
dramaturga: Cristiane Sobral
Músicos: Ana Béa, Dani Vieira e Marcelo
Café
Fotos de divulgação: Victor Martiz
Fotos do espetáculo: Raíssa
Tuany
Maquiagem: Paulo
Assessoria de Imprensa: Davi Mello
Iluminação:
Larissa Souza;
Designer e Assistente de Produção: Ricardo Caldeira
Designer e Assistente de Produção: Ricardo Caldeira
Excelente!!!👏🏾👏🏾👏🏾
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