sábado, 4 de março de 2023

Ninguém Dirá Que é Tarde Demais – Texto de Pedro Medina – Com Arlete Salles, Edwin Luisi, Alexandre Barbalho e Pedro Medina – Direção de Amir Haddad – Teatro Royal Tulip – Em cartaz em Brasília de 03 a 05/03/2023

    Dança da vida, poesia contida em ilhas de solidão provocadas pelo que não se via; cada um buscando alternativas em vidas suspensas e tentando sobreviver, para poder retomar, quem sabe, o que realmente importa. Arlete Salles e Edwin Luisi protagonizam uma peça leve, divertida e reflexiva, uma celebração da volta à vida e à volta aos palcos, neste lugar tão especial chamado Teatro, que é a Arte do encontro, a Arte de se fazer presente, seja no palco ou na plateia. Nunca é tarde demais.


    O espetáculo nos convida a vivenciar a história, em plena quarentena da pandemia, de vizinhos que se odeiam sem se conhecer, que criam aversão por imaginar quem é aquela pessoa irritante que está do outro lado da parede. Transitando entre o humor e o drama, fazendo rir e emocionar, a peça é uma poesia ao estar vivo, ao poder compartilhar, à nova chance de existir e fazer a vida fazer sentido, encarando a verdade de frente, desafiando o tempo, a sociedade, a idade, as dificuldades e o que esperam de nós. Nunca é tarde demais.


    Das incertezas ao conflito de gerações, da solidão ao amor na terceira idade, da vida não vivida à vida para viver, do risco à coragem de arriscar, do humor ao drama, do drama ao humor, das surpresas às revelações. O público vai sendo capturado pela história que tem uma luxuosa simplicidade, que a engrandece, em cenas marcadas pelo diálogo. realmente impressiona presenciar as atuações de Arlete Salles e Edwin Luisi, vocações e paixões inabaláveis pelo ofício de ser artista, que se fortalecem com o tempo e são um presente para o público. Somos, sim, privilegiados em ver gigantes do nosso teatro em cena, com a direção do lendário Amir Haddad. É um acontecimento, é o desejo de viver posto em prática. Nunca é tarde demais.


    Uma curiosidade: a peça é uma verdadeira produção em família: Arlete Salles, seu filho Alexandre Barbalho (ator) e seu neto Pedro Medina (ator e dramaturgo), tendo ainda na direção musical, Lúcio Mauro Filho (enteado), responsável pela bela trilha sonora, composta, entre outras, por canções de Tom Jobim, Chiquinha Gonzaga e Debussy.


    Participamos de uma noite amorosa, acolhedora, que mostra a necessidade de se relacionar, de se encontrar e de pensar. Assim como os grandes artistas estão voltando aos palcos, nosso blog volta hoje, para poder contar a história do Teatro em Brasília, de forma apaixonada e verdadeira, trazendo o leitor para a plateia. Nunca é tarde demais.


“O Teatro cura”

Amir Haddad


    Ficha técnica e ingressos: clique aqui

    Fotos: Guga Melgar

    Agradecimento: Rodrigo Machado (Território Comunicação)



Mar a dentro

Ver esses tubarões nesse pequeno aquário

É uma das coisas mais tristes que há

Nessas gaiolas de vidro


Você pode imaginar como eles são na natureza

Mas jamais irá sentir o que senti quando mergulhei com eles

Mesmo que a certa distância

A uns 3 metros

Da caixa cênica 


Rodrigo Ferret – 04/12/2020


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