Grandes personalidades merecem grandes homenagens, para que sua memória siga viva na mente de novas gerações. Adaptação do livro homônimo de Heloisa Seixas e Julia Romeu, premiado em 2015 como melhor livro não ficção pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, a peça bastante bibliográfica traz aos palcos a atmosfera dos anos de 1909 a 1955, contando, de maneira leve, divertida, sem passar por questões polêmicas da Era Vargas e também sem nostalgia, a trajetória da Pequena Notável desde seu nascimento.
A história de Maria do Carmo Miranda da Rocha, Portuguesa radicada no Brasil desde criança, uma mulher muito a frente do seu tempo, o que não a poupou do machismo e da misoginia de uma infeliz sociedade patriarcal. Assim como levar o nome do país para o mundo não a poupou de críticas, nem de decepção ao voltar aqui. Mas que pela sua força conseguiu chegar mais longe do que qualquer um imaginasse e ter seu legado lembrado nos dias atuais.
Dirigida por Kleber Montanheiro, o espetáculo é apresentado em forma de Teatro de Revista, com cenas dinâmicas e aceleradas, que retratam a forma de cantar de Carmen e o gênero teatral de sucesso da época, trazendo também o convento de freiras, a fábrica de chapéus, a Lapa, as ondas do rádio, o sucesso no Brasil no Cassino da Urca e o sucesso internacional.
Amanda Acosta incorpora Carmen Miranda em cada detalhe, da voz marcante à personalidade forte e aos trejeitos, demonstrando que abraçou o projeto como atriz e cantora, brilhando no papel, uma estrela. Jonathas Joba como o narrador e condutor da história apresenta uma emoção a cada cena, se doando e divertindo o público, chamando muita atenção à sua presença de palco e a essência do ofício de ator. O elenco composto por grandes atores (Daniela Cury, Gustavo Rezende, Gabriella Britto, Júlia Sanchez e Roma Oliveira) consegue ser harmônico e mostrar um trabalho de alto nível, bem cuidado, que nos faz imaginar por um momento estarmos presenciando o passado. A excelente banda (composta pelos músicos Maurício Maas, Betinho Sodré, Monique Salustiano e Fernando Patau) dá o tom durante toda a peça, participando das cenas de forma bem-humorada e divertida, atuando junto, elevando o espetáculo.
O cenário é montado como letras e livros que conduzem as cenas, o figurino de época, baseado inclusive em criações de Carmen Miranda, começa no preto e branco no longínquo 1909 e vai se multicolorindo. Os detalhes são inúmeros, desde o chão com as famosas pedras portuguesas às frutas utilizadas nas roupas. Interessante, também, a utilização de anacronismo em algumas cenas, jogando com os contrates entre o período que viveu Carmen e a atualidade, levando o público ao delírio.
Uma peça para todos os públicos, que busca também formar novas gerações de espectadores e leitores, ávidos e curiosos para acessar as memórias do nosso país.
Ingressos: clique aqui
Instagram da peça: clique aqui
Agradecimento: Elisa Mattos (produtora local)
Fotos: Divulgação
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