Uma peça épica, na qual os heróis somos nós, homo sapiens, com toda a nossa fragilidade exposta em um palco. O ser humano, aquele que pela capacidade de inventar tomou conta do planeta em busca de sobreviver e essa capacidade de imaginar, criar, crer e fazer crer que nos trouxe até aqui, do caos a um aglomerado de células, do acumulado de sonhos a um mundo cheio de coisas inventadas, ficções.
Inspirada no livro Sapiens, uma breve história da humanidade, de Yuval Noah Harari, a peça apresenta ao público um recorte da obra, conduzindo à reflexão sobre nossa própria existência e sobre tudo o que nos cerca: leis, dinheiro, pátria, fronteiras, nações, religiões, deuses, ideologias, filosofias, sistemas de crenças, ficções.
Vera Holtz se inventa e se reiventa em cena, multiplicando identidades, sendo ela mesma o tempo todo, em uma interpretação de fragmentação, uma atriz de primeira grandeza e performer, deus e homem, trigo e fóssil, primata e asno, dona de casa e nômade, ela se estabelece em cena, realizando um pacto com o espectador ao explodir a quarta parede, em um espetáculo íntimo e cooperativo, que também está em constante construção, ficções.
O trabalho de Rodrigo Portella (autor e diretor) e Felipe Heráclito (idealizador) é muito cuidadoso. Além da preparação de Vera e do texto, chama atenção o cenário, composto por uma pedra gigante que viaja durante a peça e por uma moldura que enquadra e desenquadra nossa breve história. Acompanhando tudo isso, a trilha sonora é feita ao vivo, pelas cordas de sons belos e limpos de Federico Puppi, que participa das cenas de diversas formas, assim como sua música que traz novas camadas ao espetáculo, duelando contra o silêncio, ficções.
O feminino é visível em cena, mesmo que não seja perceptível a olho nu a todos, em uma luta contra a ordem patriarcal, aquela mulher tão forte representando todos nós em nosso caminhar através dos tempos; a força da mulher que em sua viagem teatral, nos convidou a mergulhar em nós mesmos, fugindo da automatização do pensamento em busca de novos caminhos, novas f(r)icções, isto não é ficção.
Ficções é uma peça que transcende o palco.
Ingressos: clique aqui
Instagram da peça: clique aqui
Agradecimentos: Kátia Turra (Tátika Turra Comunicação)
Fotos: Divulgação
Nota para a despedida, dia 10/06/2023, de um gigante do nosso Teatro, Alexandre Ribondi, que do alto de seus 50 anos de cena, sempre recebia todos com um belo sorriso e carinho, acolhendo todos que o procurassem. Um grande artista e uma grande pessoa, cheio de projetos culturais e sempre lutando bravamente pelos direitos da comunidade LGTQIAP+.
Vai fazer muita falta!
Que o seu legado siga nos inspirando.
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