Teatro! Vivo e Intenso! Dois atores, duas cadeiras e luz! Um texto repleto de metatexto! De Teatro dentro de Teatro dentro de Teatro! Não se pode perder dez segundos! Não se pode piscar! Cada detalhe é crucial para o próximo detalhe que é crucial para o próximo detalhe! Não se deve estar no centro do círculo ou não enxergará o todo.
Com texto do dramaturgo canadense Daniel MacIvor, dirigida por Enrique Diaz e contracenada por Emílio de Mello e Fernando Eiras, In on it retorna aos palcos 15 anos depois do sucesso, um espetáculo que celebra a profundidade e densidade das relações em três realidades/ficções que se tangenciam.
O que parece simples: Dois personagens montando uma peça escrita por um deles ao mesmo tempo que falam de seu passado. Peça, espetáculo e passado. Tudo em In on it. O que não parece simples: estarem todas as camadas do ser humano contemporâneo presentes ali. Tudo em In on it. Coisas que acontecem por que foram planejadas e simplesmente acontecem, coisas que chegam sem avisar e mudam nossas vidas. Coisas que criamos e coisas que nos chegam precisamos dar sentido. Tudo em In on it. O drama, o humor, o lirismo, a vida e a morte. Tudo em In on it. Muitas coisas ...
A atuação tem muita naturalidade e dinamismo; além do talento e currículo indiscutível dos dois atores, há sinergia e sincronismo elevados, ambos estão sempre prontos para tudo em todas as cenas. A direção de Enrique Diaz é visível e notável, podendo se perceber nos detalhes; a energia da peça permanece alta no início ao fim, não há espaços vazios em cena, nem momentos descartáveis.
Talvez seja difícil dimensionar a potência do jogo mental presenciado. Desde o início, há um arco sendo tensionado e uma flecha de palavras puxada para trás para atingir em cheio o espectador, que, incauto, não sabe o tamanho do impacto que o aguarda se conseguir se entregar.
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Fotos: divulgação
Agradecimentos: Rodrigo Machado (Território Comunicação) e André Deca (Deca Produções).
Uma crítica deliciosamente convidativa! Enquanto lia sentia a potência do teatro diante dos meus sentidos.
ResponderExcluirEspero poder contemplá-lo em breve, pois a semântica e estética da crítica são deveras convincentes;
"não há espaços vazios em cena, nem momentos descartáveis." Por mais densidades! Parabéns pelo texto!