A peça tem como mérito contar de forma leve e bem-humorada uma história medieval e complexa pela multiplicidade de personagens e momentos; principalmente, o uso de adereços específicos para cada personagem, uma solução cênica interessante. Assim acompanhamos, a saga de Inês e Pedro; ela, oriunda de Castela (Espanha), dama de companhia da primeira esposa dele; ele, herdeiro do Trono Português, futuro Rei. Uma paixão imensa que transborda e ameaça os interesses de Dom Afonso IV. Ela, decapitada pelo Rei; ele, futuro Rei; a coroação da Rainha Morta.
Inspirado na Doutrina Espírita e na História, o espetáculo é fruto de pesquisa de campo em Portugal e de leituras Bocage, Camões e Chico Xavier; e Portugal medieval se traduz em cena, tanto no texto, quanto no figurino e na trilha sonora original; com camadas espirituais, históricas e poéticas, dando sentido ao ditado popular e, também, ao que é universal do ser humano. Com pegada minimalista, a direção é de Adriana Nunes, protagonista, acompanhada de André Deca e Rosanna Viegas, que se revezam em múltiplos personagens.
A peça pode ser vista por vários ângulos, não precisando acreditar em vida após a morte ou entender de História para que se extraia o melhor, bastando estar atento, para ser um observador da luta de uma paixão, como muitas que se desenrolam no dia a dia, algumas florescem e outras são sufocadas e decapitadas, mas nenhuma delas deixou de existir.
A peça segue, após a temporada de Brasília, para o Teatro Clara Nunes (Shopping da Gávea, Rio de Janeiro). Clique aqui
Ficha técnica: clique aqui
Instagram: @agorainesemorta
Fotos: divulgação
Agradecimento: Renata Rezende (Teatro Brasília Shopping)
Fico a imaginar o espectador a se deparar com esse título, aparentemente, ausente de leveza, em meio à necessidade de uma escolha assertiva.
ResponderExcluirDecerto que a crítica aqui presente torna-se imprescindível à escolha do espetáculo: Agora Inês é Morta.
"A peça pode ser vista por vários ângulos, não precisando acreditar em vida após a morte ou entender de História para que se extraia o melhor," Eis aí uma característica democrática interessantíssima!
Uma crítica convincente e necessária! Parabéns pelo texto! Espero que cheque a Salvador.