Antes do teatro existir, já existia a contação de histórias, a tradição herdada por gerações e gerações através da oralidade, a passagem de conhecimento e sabedoria, cujo significado no dialeto tupi-guarani é Arandu.
Arandu é um belo, lúdico e
delicado espetáculo de contação de histórias sobre lendas amazônicas. Em sua aparente
simplicidade reside a magia que nos transporta à floresta amazônica para ouvir
uma indígena (Lúcia Morais) nos contar o que ouviu de sua avó na beira do Rio
Amazonas.
A ancestralidade viva no palco, envolta em poesia visual e cênica, as
lendas amazônicas tomando forma, pessoas, árvores, rios e animais sendo
imaginados, visões sendo formadas na mente de cada espectador, das crianças aos
adultos, todos encantados em uma verdadeira viagem imaginativa e espiritual.
Em cena são contadas de forma
intimista as lendas amazônicas do dia e da noite, da vitória-régia, do açaí e
da fruta amarela. Cada uma com sua beleza e peculiaridade, contadas pela
carismática e espirituosa Lúcia Morais, que conduz o público pela floresta e
convida ao exercício de vivenciar as histórias.
A pesquisa e a direção da peça
são assinadas por Adilson Dias. Percebe-se no palco um trabalho muito
interessante para incorporar de forma cênica o gestual indígena à contação de
histórias e um cuidado muito grande com a pesquisa das lendas e com a pesquisa
musical, com a sonoplastia e a iluminação, além de um grande respeito à arte e aos nossos povos originários.
Além do talento e da curiosidade
que move um grande artista, Adilson Dias tem uma história de vida de superação
e busca pelo conhecimento que é uma fonte de inspiração (veja a história de vida de Adilson Dias). É uma
honra conhecê-lo. Minhas sinceras homenagens e meus parabéns.
Agradecimento: Adilson Dias e Marta Paiva
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Fotos: Divulgação