sábado, 3 de junho de 2023
Monstros - Cia Novos Candangos - SESC Taguatinga/DF
Carmen, a Grande Pequena Notável – CCBB/DF – Em cartaz até 11/06/2023
Grandes personalidades merecem grandes homenagens, para que sua memória siga viva na mente de novas gerações. Adaptação do livro homônimo de Heloisa Seixas e Julia Romeu, premiado em 2015 como melhor livro não ficção pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, a peça bastante bibliográfica traz aos palcos a atmosfera dos anos de 1909 a 1955, contando, de maneira leve, divertida, sem passar por questões polêmicas da Era Vargas e também sem nostalgia, a trajetória da Pequena Notável desde seu nascimento.
A história de Maria do Carmo Miranda da Rocha, Portuguesa radicada no Brasil desde criança, uma mulher muito a frente do seu tempo, o que não a poupou do machismo e da misoginia de uma infeliz sociedade patriarcal. Assim como levar o nome do país para o mundo não a poupou de críticas, nem de decepção ao voltar aqui. Mas que pela sua força conseguiu chegar mais longe do que qualquer um imaginasse e ter seu legado lembrado nos dias atuais.
Dirigida por Kleber Montanheiro, o espetáculo é apresentado em forma de Teatro de Revista, com cenas dinâmicas e aceleradas, que retratam a forma de cantar de Carmen e o gênero teatral de sucesso da época, trazendo também o convento de freiras, a fábrica de chapéus, a Lapa, as ondas do rádio, o sucesso no Brasil no Cassino da Urca e o sucesso internacional.
Amanda Acosta incorpora Carmen Miranda em cada detalhe, da voz marcante à personalidade forte e aos trejeitos, demonstrando que abraçou o projeto como atriz e cantora, brilhando no papel, uma estrela. Jonathas Joba como o narrador e condutor da história apresenta uma emoção a cada cena, se doando e divertindo o público, chamando muita atenção à sua presença de palco e a essência do ofício de ator. O elenco composto por grandes atores (Daniela Cury, Gustavo Rezende, Gabriella Britto, Júlia Sanchez e Roma Oliveira) consegue ser harmônico e mostrar um trabalho de alto nível, bem cuidado, que nos faz imaginar por um momento estarmos presenciando o passado. A excelente banda (composta pelos músicos Maurício Maas, Betinho Sodré, Monique Salustiano e Fernando Patau) dá o tom durante toda a peça, participando das cenas de forma bem-humorada e divertida, atuando junto, elevando o espetáculo.
O cenário é montado como letras e livros que conduzem as cenas, o figurino de época, baseado inclusive em criações de Carmen Miranda, começa no preto e branco no longínquo 1909 e vai se multicolorindo. Os detalhes são inúmeros, desde o chão com as famosas pedras portuguesas às frutas utilizadas nas roupas. Interessante, também, a utilização de anacronismo em algumas cenas, jogando com os contrates entre o período que viveu Carmen e a atualidade, levando o público ao delírio.
Uma peça para todos os públicos, que busca também formar novas gerações de espectadores e leitores, ávidos e curiosos para acessar as memórias do nosso país.
Ingressos: clique aqui
Instagram da peça: clique aqui
Agradecimento: Elisa Mattos (produtora local)
Fotos: Divulgação
terça-feira, 23 de maio de 2023
Se Eu Fosse Eu – Agrupação Teatral Amacaca – Teatro da Caixa Cultural Brasília/DF
O complexo e fascinante universo feminino de Clarice Lispector, materializado no palco, e, uma livre adaptação de contos da escritora que quando era antiga foi depositária do ovo, que pode amar um homem de Saturno e que questionou o “inquestionável” que enquanto for inventado não existe. Em uma bela homenagem às mulheres, como a obra de Clarice, feita por mulheres, para principalmente, mulheres e para os que querem mergulhar na alma feminina, Se eu fosse eu é um grande quebra-cabeças com recortes de textos clariceanos que se encaixam perfeitamente.
As atuações de Camila Guerra, Rosanna Viegas e Juliana Drummond dignificam o legado do eterno Hugo Rodas, que segue vivo em nosso Teatro. O trio com essência de palco e do feminino traduzem Clarice em suas nuances e questões existenciais, tanto em diálogos fluídos como em exercícios corporais e performances. O cenário funcional e dividido em três como as atrizes e os contos principais, se fundindo da mesma forma, em uma simbiose, muito bem arquitetada pela direção.
“Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova do desconhecimento. No entanto, tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.”
Alegria pura e legítima! Como é bom voltar a um dos templos do Teatro da nossa Capital, o Teatro da Caixa Cultural Brasília, após um longo e sofrido inv(f)erno!
Sobre o processo de Se Eu fosse Eu:
O projeto começou com laboratórios cênicos realizados na Casa abrigo da Ceilândia, em uma escola pública de São Sebastião e em outra da Estrutural. A ideia era divulgar a literatura de Clarice a partir de temas femininos que pudessem ser compartilhados. Sexualidade, aborto, maternidade e espiritualidade fazem parte desse universo. "O estímulo para entrar em contato com sua subjetividade que é um convite na obra de Clarice, um voo para dentro. Pedaços desses laboratórios entraram na dramaturgia. Então virou uma grande colagem de textos e a dramaturgia foi construída a partir desses contos", conta Camila Guerra.
Ficha Técnica e Instagram da peça: @claricescriativas
Fotos: Diego Bresani
segunda-feira, 22 de maio de 2023
Quando eu for mãe quero amar desse jeito – Vera Fischer, Mouhamed Harfouch e Marta Paret – Teatro Unip/DF
Um jogo de xadrez de duas mulheres. De um lado, em sua decadente mansão, uma mãe dominadora e obcecada por seu filho, Dona Dulce Carmona faz planos para dar uma vida digna de sua classe social ao seu filho Lauro Carmona. Do outro lado, Gardênia, a herdeira de um império de porcas, parafusos e arruelas, que vê no noivo, a chance de conseguir o que quer. Um filho e futuro marido dividido em um tabuleiro que ele não joga.
Uma obra ácida, com diversas críticas sociais que fala de algo sério e ao mesmo tempo é leve e divertida, engraçada e reflexiva, surpreendendo o público do início ao fim, com várias reviravoltas, em uma tensão constante e viciante, em um texto ágil e fluído de Eduardo Bakr e uma direção primorosa do premiado Tadeu Aguiar.
O espetáculo, que está há um ano e meio em cartaz e circulando o país, está bem maturado, sem falhas, uma verdadeira engrenagem, do figurino luxuoso que altera a paleta de cores na sequência das cenas, para marcar a personalidade e a fase das personagens, passando pelo cenário grandioso que tem a cor do ouro e a cor da guerra e do sangue da tragédia; à trilha sonora original e à iluminação que acentuam as nuances do jogo.
Vera Fischer impressiona com tamanha vitalidade e força no palco, uma atriz apaixonada, com brilhos nos olhos, que se renova e se experimenta sem medo, em uma atuação memorável e hipnotizante que passeia por vários gêneros teatrais. Mouhamed Harfouch leva o público ao êxtase na pele do bonachão Lauro Carmona, com o tempo perfeito da comédia. Nota para a versatilidade e trabalho de personagem, bem como para a paixão do ator pelo Teatro em seu agradecimento e apelo ao público ao final. Marta Paret faz o contraponto e o encaixe perfeito como a nora da matriarca, em uma ótima atuação.
Quando eu for mãe quero amar desse jeito é um presente ao espectador!
Importante celebrar a volta do Ministério da Cultura e o trabalho da Deca Produções que está produzindo diversos espetáculos com artistas consagrados do Teatro para nossa Capital.
Ficha técnica:
Texto: Eduardo Bakr
Direção: Tadeu Aguiar
Elenco: Vera Fischer, Mouhamed Harfouch e Marta Paret
Cenário: Natália Lana
Figurino: Ney Madeira e Dani Vidal
Desenho de luz: Daniela Sanchez
Trilha sonora original: Liliane Secco
Assistência de direção: Flavia Rinaldi
Produção Executiva: Edgard Jordão
Coordenação de produção: Norma Thiré
Produção em Brasília: DECA Produções
Assessoria de imprensa Brasília: Território Comunicação
Fotos: divulgação
Agradecimentos: Rodrigo Machado (Território Comunicação) e André Deca (Deca Produções)
domingo, 7 de maio de 2023
Jorge para sempre Verão – CCBB/DF – em cartaz até 21/05/2023
Furacão, fenômeno, entidade, a força da figura humana Jorge Lafond pelo olhar peculiar de sua prima Aline Mohamad, em uma homenagem, um resgaste, uma peça de cura, partindo de uma carta póstuma de desculpa. Com direção de Rodrigo França. o espetáculo com muita representatividade preta e lgbtqia+, feito por profissionais pretos, ocupando os espaços, celebrando novos, tão necessários e urgentes caminhos da dramaturgia.
Contada da perspectiva da dualidade entre Jorge (Alexandre Mitre) e Vera Verão (Joa Assumpção) em diálogo com sua prima (Noemia Oliveira), a peça busca de uma forma não biográfica, mostrar a trajetória e a vivência de Lafond, um pioneiro, uma pessoa que rasgou o cânone da televisão brasileira, tão colonizada e cruel, em uma época que se normalizava a opressão, o preconceito e a hipocrisia em relação a corpos dissidentes.
O espetáculo utiliza bastante o recurso audiovisual, trazendo passagens da carreira do artista, entre elas ter sido madrinha de bateria e um triste acontecimento notório, ocorrido com o padre Marcelo Rossi, no programa do Gugu, pouco antes de seu falecimento, que escancarou toda herança colonial homofóbica e racista da TV, na qual foi solicitado que ele se vestisse como homem na presença do religioso celebridade da época, algo que marcou de forma triste e cruel sua caminhada.
Lafond foi muito maior que o ÊPA que ecoava nas noites de sábado na distante década de 90; foi um intelectual, formado em teatro, dança afro, balé clássico e educação física, uma pessoa empoderada, bem a frente de seu tempo, que conviveu muitas vezes com o isolamento, o sigilo, a ausência, em face de suas posições firmes e suas escolhas. Hoje é uma referência e um farol, seu legado está em cada pessoa, principalmente as homoafetivas, trans e/ou pretas que hoje estão nas telas ou em um palco, mesmo que essa pessoa não saiba.
Como Lafond faz falta e como seria bom que ele tivesse sido homenageado em vida. Na estreia em Brasília, a plateia saiu muito feliz e empolgada com o resultado da obra; de fato é um momento a se celebrar, pela questão representativa, pela força do teatro preto sendo erguido em espaços de poder. Para finalizar, entendo que ainda há espaço para a peça crescer em relação a atuação e energia das cenas, por se tratar de um espetáculo que precisa ter vida longa e atingir o maior número de pessoas, mostrando este legado tão importante.
Ficha técnica: clique aqui
Instagram da peça: clique aqui
Fotos: divulgação
Agradecimento: Rodrigo Machado (Território Comunicação)
Entrevistas sobre a peça:
Rádio Band, Pretoteca, Cynthia Martins recebe Rodrigo França e Aretha Sadick
Band Jornalismo, Juliano Dip recebe Aline Mohamad e Diego do Subúrbio
Pheno TV com Alexandre Mitre e Aretha Sadick
Última entrevista de Jorge Lafond: clique aqui
quinta-feira, 4 de maio de 2023
Dicas culturais para crianças em Brasília - Maio/2023
Beatles Para Crianças: Beatles Heróis e a Terrível Máquina do Silêncio
06 e 07/05/2023. às 15 horas
Teatro Unip
Os Beatles Heróis são convocados para impedir que um grupo de vilões mal-humorados usem a ‘Máquina do Silêncio’ para acabar com a diversão. Com versões das canções mais importantes dos Beatles, o espetáculo tem interatividade e muita aventura. A banda criada em 2014 pelos educadores Fabio Freire e Gabriel Manetti que, de uma maneira lúdica e muito bem pensada, têm proporcionado às famílias momentos únicos de diversão, já ultrapassou a marca de 500 apresentações animando crianças e adultos de 60 cidades Brasil afora, com seu repertório.
Neia e Nando
Shopping Liberty Mall
06/05/2023 às 17 horas