Somos convidados para uma boate
de karaokê com figuras esquisitas. Uma noite diferente celebrada com muita música
e com o texto do catalão Esteve Soler. Contra o Amor é a segunda obra da
trilogia que aborda as contradições sinistras do nosso tempo, completada por
Contra o Progresso e Contra a Democracia, todas compostas por sete cenas curtas.
Acomodados nas poltronas do
teatro, somos incomodados e bombardeados pelo sarcasmo, acidez e ironia da
dramaturgia, em um espetáculo que se divide em cenas curtas relacionadas ao
amor intercaladas por partes de um filme interessante de debates conjugais,
clássicos do cancioneiro popular e o desabafo de um frequentador do local. O
filme apresenta jogos verbais de eternas disputas e as músicas escolhidas são
interligadas às cenas, proporcionando transições coerentes.
As cenas burlescas trazem um desassossego
e um estranhamento ao público, que transita entre o riso e o susto com os
desfechos surpreendentes. A obra provoca reflexões sobre a nossa constante
desumanização, sobre a forma que estamos deixando de viver como pessoas e nos
tornando meros produtos da indústria de consumo de massa.
Recomendável ao público se
concentrar no momento das cenas, que são a chave para o entendimento deste
importante autor.
Chama atenção a intimidade que o
Teatro do Instante tem com a obra, fruto visível de pesquisa e estudo sobre o
autor. Importante também destacar o cuidado no trabalho corporal e nas
interpretações dos atores, que conseguem em meio a um caos de uma boate passar
a essência do que pretende o dramaturgo, mesmo em cenas arriscadas, como na
cena de discussão da relação e do futuro da humanidade em plena superfície
lunar.
Contra o amor é uma peça de
qualidade que ultrapassa o simples entretenimento e merece novos palcos e
temporadas maiores.
Ficha técnica: https://contraoamor.webnode.com/
Ficha técnica: https://contraoamor.webnode.com/
Fotos: Diego Bressani
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