Uma viagem ao mundo do Absurdo (saiba mais).
Samuel Beckett (saiba mais) sempre atrai quem precisa pensar e questionar. Falando de paralisia em movimentos repetitivos e simétricos, Fim de Partida (1954/1956) trata de relações familiares tóxicas, abusivas e de poder. O absurdo sempre atual da existência humana.
Samuel Beckett (saiba mais) sempre atrai quem precisa pensar e questionar. Falando de paralisia em movimentos repetitivos e simétricos, Fim de Partida (1954/1956) trata de relações familiares tóxicas, abusivas e de poder. O absurdo sempre atual da existência humana.
Escrito no pós-guerra, em tempos
de ruptura, o texto tem a atmosfera da desesperança da harmonia da convivência
entre seres humanos. Vivendo em um buraco, um cego paralítico manipulador
chamado Hamm, seus pais sem pernas Nagg e Nell que vivem em latas de
lixo/caixote e Clov, o serviçal, que não pode se sentar e, apesar de possuir
deficiência cognitiva, é o único que pode se mover neste jogo cruel de
sobrevivência.
A montagem do Grupo Cara d’Palco consegue chocar e trazer o espectador
para o buraco, confrontando suas mazelas, inserindo-o no labirinto sem fim do
jogo. O grupo também atravessa o drama com certo humor, que vem do
desespero das personagens na ausência de tudo.
O cenário feito com sucatas
atende ao que o texto pede, ajudando no choque e no estranhamento. Considero um
acerto a solução do uso de caixotes como local dos pais de Hamm.
Destaque para a atuação de Yago
Queiroz, que interpreta Clov, consistente e convincente, levando sua personagem
ao extremo do que o autor propõe. Interessante a canalhice do Hamm de Rai
Melodia, que em muitos momentos consegue oprimir de forma violenta, um abutre
que se alimenta do mal. Méritos para a atuação de Luiz Felipe Vitelli (Nagg) que
consegue atingir o objetivo de mostrar o vigor de quem quer sobreviver em meio
ao caos e Revaci Moreira (Nell) que traz um pouco de afetividade e graça ao jogo. Como sugestão, entendo que o Grupo precisa aproveitar mais as
pausas da peça e valorizar o silêncio em alguns momentos.
Feliz com a notícia que o grupo vai
circular com o espetáculo em Brasília e em outras Unidades da Federação. Parabéns pela ousadia de montar um autor tão difícil, mas que precisa ser
sempre revisitado para ajudar a nos conhecer como seres humanos e a revelar o
enigma da nossa existência.
“Não há nada mais divertido do que a desgraça”
– Samuel Beckett
Site do grupo: link
Fotos: Divulgação
Agradecimento: Márcio Rodrigues
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