sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Projeto Caminhos I - Casa de Ferreiro (DF) - Teatro Casa dos Quatro


A Casa de Ferreiro Companhia de Teatro apresentou no Teatro Casa dos Quatro o resultado da oficina de dramaturgia ministrada por Maurício Arruda Mendonça (Armazém Companhia de Teatro). 


A primeira de uma série de quatro sessões do Projeto Caminhos – Rodas de Leitura contou com a luxuosa participação especial do ator Tullio Guimarães e a ilustre presença na plateia do lendário diretor Hugo Rodas.


Embora não seja uma montagem em si, a apresentação dos textos foi muito bem cuidada, bastante próxima de uma peça, permitindo que os atores e diretor explorassem os textos produzidos durante o projeto.



As cenas apresentadas tinham em comum idas e vindas da vida, caminhos, estradas e viagens, intercaladas por solilóquios dos atores que contracenavam com pipas. 



Iniciada com uma leitura dramatizada do grande e experiente ator Tullio Guimarães sobre uma insólita viagem de um artista vendedor de cactos. Seguimos com diversas encenações dos atores Aline Brandão, Du Oliveira, Luis Ferrera, Marizilda Dias Rosa e Silvia Viana: uma reflexiva cena de um encontro casual entre um cego com seu labrador, um assaltante e um suicida em um metrô de Brasília; outra emocionante sobre uma artista de circo e seus malabares, claves e argolas, que insistiam em a deixar como as pessoas que passaram por sua vida; outra sobre uma corda bamba que precisava ser vencida a todo custo; outra de um herdeiro de uma oficina oprimido pelo falecido pai, que tem a necessidade de se libertar e cair no mundo; além de uma cena tragicômica do cotidiano de uma trabalhadora usuária ônibus de uns dos dez piores cidades em relação a transportes públicos do mundo.



As cenas foram surpreendentemente belas, reflexivas e emocionantes, de uma poética que é uma das marcas registradas da Casa de Ferreiro. Cabe destacar também, a inteligente solução cênica de fitas elásticas que permeavam todas as cenas, marcando-as e auxiliando a atuação. Além, da linha de pipa que insistia em arrebentar como a linha dos encontros e desencontros, das idas e vindas.



Em relação aos atores, é necessário fazer o elogio ao trabalho cada vez mais sedimentado, fruto do processo capitaneado pelo diretor Bruno Estrela, que há muito tempo vem trilhando seu caminho na cena teatral de Brasília.



Quanto aos dramaturgos Ana Flávia Freire, Áurea Liz, Bruno Estrela, Gabriel Fernandes, Keilla Salvador, Ramon Lima e Tati Santana, ressalto a importância da escrita teatral nos dias atuais, foram textos incríveis que iluminaram uma noite diferente de um tempo mau.



Importante registrar a tradução em libras, mais que necessária forma de inclusão.


Após a apresentação, presenciei o Diretor Hugo Rodas fazendo suas considerações, elogiando as cenas, as soluções e a atuação dos atores e, por fim, fazendo um elogio especial à atriz Marizilda Dias Rosa, que protagonizou o texto sobre malabares escrito por Tati Santana.


“Fale de sua aldeia e estará falando do mundo!” - Leon Tolstói


Fotos: Tati Santana


2 comentários:

  1. Gostei de ler e estou lá na posição da defesa de que a luz cênica é arte... envolve técnica e é dirigida pelo mesmo Diretor... Faz Parte!

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    1. Concordo, iluminação também é arte. Obrigado pela defesa. Comentei sobre ela em alguns textos. Nos próximos passarei a sempre tecer comentários sobre a luz cênica.

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