A
Casa de Ferreiro Companhia de Teatro apresentou no Teatro
Casa dos Quatro o resultado da oficina de dramaturgia ministrada
por Maurício Arruda Mendonça (Armazém Companhia de Teatro).
A primeira de uma série de quatro sessões do Projeto
Caminhos – Rodas de Leitura contou com a luxuosa participação
especial do ator Tullio Guimarães e a ilustre presença na
plateia do lendário diretor Hugo Rodas.
Embora não
seja uma montagem em si, a apresentação dos textos foi muito bem
cuidada, bastante próxima de uma peça, permitindo que os atores e
diretor explorassem os textos produzidos durante o projeto.
As
cenas apresentadas tinham em comum idas e vindas da vida, caminhos,
estradas e viagens, intercaladas por solilóquios dos atores que
contracenavam com pipas.
Iniciada com uma
leitura dramatizada do grande e experiente ator Tullio Guimarães
sobre uma insólita viagem de um artista vendedor de cactos. Seguimos
com diversas encenações dos atores Aline Brandão, Du Oliveira,
Luis Ferrera, Marizilda Dias Rosa e Silvia Viana: uma
reflexiva cena de um encontro casual entre um cego com seu labrador,
um assaltante e um suicida em um metrô de Brasília; outra
emocionante sobre uma artista de circo e seus malabares, claves e
argolas, que insistiam em a deixar como as pessoas que passaram por
sua vida; outra sobre uma corda bamba que precisava ser vencida a
todo custo; outra de um herdeiro de uma oficina oprimido pelo
falecido pai, que tem a necessidade de se libertar e cair no mundo;
além de uma cena tragicômica do cotidiano de uma trabalhadora
usuária ônibus de uns dos dez piores cidades em relação a
transportes públicos do mundo.
As cenas foram
surpreendentemente belas, reflexivas e emocionantes, de uma poética
que é uma das marcas registradas da Casa de Ferreiro. Cabe destacar
também, a inteligente solução cênica de fitas elásticas que
permeavam todas as cenas, marcando-as e auxiliando a atuação. Além,
da linha de pipa que insistia em arrebentar como a linha dos
encontros e desencontros, das idas e vindas.
Em
relação aos atores, é necessário fazer o elogio ao trabalho cada
vez mais sedimentado, fruto do processo capitaneado pelo diretor
Bruno Estrela, que há muito tempo vem trilhando seu caminho
na cena teatral de Brasília.
Quanto
aos dramaturgos Ana Flávia Freire, Áurea Liz, Bruno Estrela,
Gabriel Fernandes, Keilla Salvador, Ramon Lima e Tati Santana,
ressalto a importância da escrita teatral nos dias atuais, foram
textos incríveis que iluminaram uma noite diferente de um tempo
mau.
Importante registrar a tradução em libras, mais que necessária forma de inclusão.
Após a apresentação, presenciei o Diretor Hugo Rodas
fazendo suas considerações, elogiando as cenas,
as soluções e a atuação dos atores e, por fim, fazendo um elogio
especial à atriz Marizilda
Dias Rosa, que
protagonizou o texto sobre malabares escrito por Tati Santana.
“Fale
de sua aldeia e estará falando do mundo!” - Leon
Tolstói
Fotos: Tati Santana
Gostei de ler e estou lá na posição da defesa de que a luz cênica é arte... envolve técnica e é dirigida pelo mesmo Diretor... Faz Parte!
ResponderExcluirConcordo, iluminação também é arte. Obrigado pela defesa. Comentei sobre ela em alguns textos. Nos próximos passarei a sempre tecer comentários sobre a luz cênica.
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